22/08/2023


Geral

Em disputa equilibrada, deputados elegem hoje novo conselheiro do TC

Após duas eleições de cartas marcadas em 2011 e 2012, a Assembleia Legislativa do Paraná elege hoje, às 17 horas, o novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TC) no pleito mais disputado da gestão Beto Richa (PSDB). Dos 40 candidatos inscritos, dois vão brigar até o último minuto pelo voto dos parlamentares: os deputados Fabio Camargo (PTB) e Plauto Miró (DEM). O petebista é considerado favorito, mas os próprios deputados gostam de frisar que, historicamente em eleições secretas, a abertura dos votos pode revelar resultados surpreendentes.

Nos dois pleitos anteriores, Richa não teve dificuldades para eleger aliados. Em 2011, o então procurador-geral do Estado, Ivan Bonilha, recebeu 34 dos 54 votos. Já no ano seguinte, o então secretário da Casa Civil e deputado estadual licenciado, Durval Amaral, foi eleito por unanimidade. Agora, porém, a disputa opõe dois aliados, o que colocou o governador – cuja preferência quase sempre prevalece em eleições para o tribunal – numa saia-justa.

 

De um lado, está Plauto Miró, do DEM, partido aliado de primeira hora de Richa, e com quem o governador tem uma antiga relação de proximidade, desde os tempos em que os dois dividiam o plenário da Assembleia entre 1995 e 2000. Do outro, aparece Fabio Camargo, que, apesar de ter rompido com o tucano na eleição ao Executivo em 2010, hoje faz parte da base aliada no Legislativo. Além disso, o petebista tem ao lado o prestígio do pai, desembargador Clayton Camargo, que é presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) – o deputado afirma que o pai torce por seu sucesso, mas não tem qualquer interferência na eleição para o TC.

Diante desse cenário, Richa afirmou reiteradamente que não tem candidato, em nome do “respeito à independência do Poder Legislativo”. Para tornar a disputa ainda mais incerta, praticamente nenhum parlamentar abriu o voto quando questionado pelos jornalistas, amparando-se na prerrogativa de que a eleição é secreta.

Histórico

A disputa voto a voto da eleição atual não é novidade em pleitos para conselheiro do TC. Em 2000, o ex-governador Jaime Lerner queria eleger seu secretário de Transportes, Heinz Herwig. No entanto, encontrou forte resistência na candidatura de Basílio Zanusso, deputado com mais tempo de Assembleia à época, com seis mandatos. Entre agradar o governador e defender o corporativismo, acabou prevalecendo a mão forte do Executivo, e Heinz foi eleito com 27 votos contra 26.

Mais recentemente, em 2006, o então vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) teve como principal adversário o deputado oposicionista – e hoje conselheiro – Durval Amaral. Mais uma vez, a influência do governo falou mais alto e Pessuti venceu a disputa com 28 votos, apenas um além do necessário para evitar um segundo turno contra Durval. O peemedebista, porém, não assumiu o cargo para disputar a reeleição a vice na chapa de Roberto Requião – a vaga no TC ficou com Hermas Brandão, numa nova eleição.

Em frente da Assembleia,protesto

Hoje, ao meio-dia, manifestantes prometem fazer um grande ato cívico na Assembleia Legislativa contra “critérios políticos escusos e falta de transparência” na eleição de conselheiro do TC. Organizado por meio do Facebook, o movimento tem a confirmação de presença de quase 2,4 mil pessoas. Na página criada para o protesto, os organizadores pedem a todos que levem cartazes, apitos e disposição para “mudar o Paraná”.

Falando em “jogo de cartas marcadas”, o texto de convocação para o ato diz que é preciso pressionar os deputados. “Chega de desmandos políticos, a sociedade quer ser ouvida! Queremos um Tribunal de Contas de verdade e não de faz de contas! Estamos cansados de tantos desvios e corrupção”, completa a nota.

Cristina Esteche

Jornalista

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