22/08/2023
Saúde

Em Guarapuava médicos não param, mas apoiam movimento nacional

Em protesto contra os baixos salários e por melhores condições de trabalho, médicos estão deixando de atender hoje (25) serviços marcados no Sistema Único de Saúde (SUS). A paralisação vai durar 24 horas. Em alguns municípios do Paraná estão acontecendo manifestações e atos públicos. Em Guarapuava, a Associação Médica e o Conselho Regional de Medicina (CRM) apóiam o movimento.

“Não está havendo uma paralisação em massa. Cabe a cada médico aderir ou não ao movimento”, disse o presidente da Associação e também conselheiro CRM, Marcos Tenório.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o atendimento em Guarapuava está normal.

O movimento nacional é liderado pela Associação Médica Brasileira (AMB), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Os médicos reivindicam mais financiamento para a saúde pública, reajuste salarial e melhores condições de trabalho, como aumento no número de leitos nos hospitais.

Segundo Tenório, dos mais de 300 médicos que atuam em Guarapuava, cerca de 95% atendem pelo SUS.
“Queremos chamar a atenção da sociedade para os problemas que envolvem o SUS e pressionar o Governo a fazer reajuste nas tabelas de consulta e de procedimentos”, defende Marcos Tenório. Para se ter uma ideia, o SUS paga R$ 5 por cada consulta com clínico geral e R$ 10 quando é caso de especialidades. Nos procedimentos, como por exemplo, uma fratura de antebraço o valor pago gira entre R$ 20 e R$ 25. Segundo o médico, o reajuste das tabelas hoje deveria ser de 300%. 
“Esses valores são aviltantes e a população precisa entender a nossa situação, porque tudo o que acontece cai em cima do médico. Quem mantém consultório tem despesas com aluguel, secretária, água, luz, entre outras”, observa Marcos Tenório.

Para o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Aloísio Tibiriçá, os salários defasados têm desestimulado os profissionais a ingressar na rede pública. As entidades médicas calculam que o salário médio pago a um médico do SUS é de R$ 1,9 mil por 20 horas de trabalho semanais. A categoria estipula um piso de R$ 9,6 mil.

Os médicos defendem também, pelo menos, dobrar o montante de dinheiro destinado pelos governos federal, estaduais e municipais ao sistema público de saúde.

 

EMENDA 29
De acordo com a Agência Brasil, as entidades são contrárias ao projeto de regulamentação da Emenda 29, aprovado pela Câmara dos Deputados, que define percentuais mínimos de repasse à saúde pela União, pelos estados e municípios.

O projeto obriga, por exemplo, a União a repassar à saúde pública valor equivalente ao previsto no Orçamento do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano. No entanto, os médicos defendem o texto original de regulamentação, que destinava 10% das receitas correntes brutas da União para as ações de saúde, um acréscimo de aproximadamente R$ 31 bilhões ao orçamento anual da pasta.
“O projeto da Câmara não acrescenta nenhum centavo para a saúde”, disse Tibiriçá à Agência Brasil. O projeto tramita agora no Senado.

A categoria queixa-se ainda da falta de leitos nos hospitais. De acordo com a organização do movimento, 20 estados têm número de unidades de terapia intensiva (UTIs) inferior à média nacional, que é de 1,3 leito por 10 mil habitantes.

Nos 18 estados onde haverá paralisação – o Paraná apóia o movimento, mas não aderiu à paralisação – , foram suspensos os exames, as consultas, as cirurgias e outros procedimentos agendados com antecedência. Os médicos garantem a manutenção do atendimento de urgência e emergência aos pacientes. “Estamos fazendo (o movimento) com toda a responsabilidade. É um compromisso com a saúde do povo brasileiro”, disse o presidente da Federação Nacional de Medicina, Cid Carvalhaes.
Com informações da Agência Brasil

Cristina Esteche

Jornalista

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