22/08/2023
Cotidiano Guarapuava

Em Guarapuava, três jovens se unem para fazer a diferença

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Da Redação

Guarapuava – Um simples passeio pelo Parque do Lago e um gesto de auxílio a um jovem com uma criança resultaram numa ação solidária que pode minimizar a fome e melhorar as condições de vida de uma família.

Há três semanas, a acadêmica de Jornalismo Elisandra Carraro fazia a sua caminhada diária num dos pontos turísticos da cidade quando percebeu um rapaz carregando uma criança e sacolas. “A dificuldade dele me chamou a atenção e fui ajudá-lo. Ele agradeceu e me deu o menino, depois de pedir desculpas por estar tão sujo”. Ao pegar a criança no colo, as feridas que tomam conta do bebê com um ano e três meses, chocou Elisandra, a Elis. “Ele tinha feridas pelo corpo, além de muitos piolhos e os pés inchados por causa de uma inflamação”. Lucas, que é o tio da criança, não tem com quem deixá-lo e o leva junto para catar, vender reciclável, e levar comida para a casa, um barraco de 3m x 3m, no início da Vila Concórdia, bem perto dos trilhos do trem, e cheio de lixo. De acordo coma Secretaria Municipal de Habitação, o local é uma ocupação irregular e vulnerável aos perigos da linha férrea.

“Me comovi demais com esse drama e ao chegar em casa postei a história nas redes sociais e pedi que as pessoas me ajudassem e acabei criando uma corrente”. Elisandra diz que no dia 12 de outubro, Dia da Criança e de Nossa Senhora Aparecida, retornou ao casebre com seus pais. Ao chegar no local se deparou com mais pessoas. “Uma adolescente de 15 anos, mãe do bebê; seu companheiro e outro menin que é seu filho. Meu pais saíram comprar comida”. De acordo com Elis, a família morava no Jardim dos Américas, mas saiu de lá por causa de brigas. Há suspeitas que sejam usuários de drogas.

Envolvidas com o drama dessa família, outras duas jovens, Monique Reis e Larissa Ferreira, se somaram com Elis e juntas saíram em busca de auxílio. “Na Habitação descobrimos que a família possui cadastro para moradia popular e conseguimos um terreno no Residencial 2000. Saímos em busca de doações financeiras e conseguimos arrecadar R$ 1,8 mil em dois dias. Fomos também no Jardim das Américas e vimos que as condições em que eles viviam são ainda piores. Umas dez pessoas vivem numa casinha e eles moravam junto”.

De acordo com Elis, nos dias seguintes em que essa história veio à tona, as duas crianças e a adolescente foram abrigadas numa Casa Lar. “Fomos na casa da família do companheiro dela, no Jordão, e conseguimos um prazo de 30 dias para ele ficar lá. O Lucas teve que voltar para o Jardim das Américas até que possamos construir uma casa para eles. Pensamos num mutirão, mas precisamos que sejam doados materiais de construção”.

Ainda segundo Elis, por motivos alheios à sua vontade, o dinheiro arrecadado foi devolvido. “Não vou entrar nesse assunto, mas tivemos que devolver os valores. Depois que havíamos devolvido nos disseram que não estávamos fazendo nada de forma irregular e que poderíamos continuar arrecadando”.

Elis ainda disse que a condição pessoas da família não interessa. "A nós não interessa se essas pessoas são usuárias de droga, se existe alguma ação contra eles. E se existe por que não se tomaram as medidas cabíveis há mais tempo? Nós só queremos ajudá- los, ajudar as crianças, pois entendemos que estamos fazendo a nossa parte".

Qualquer doação de material de construção pode ser contatada a RedeSul de Notícias, pelo telefone (42) 3626-4157.

Cristina Esteche

Jornalista

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