22/08/2023
Cotidiano

Empresários do Distrito Industrial “Atalaia” reclamam de abandono

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Guarapuava – Se os buracos nas ruas e o matagal que tomam conta do Distrito Industrial Atalaia fossem transformados em vagas de emprego, boa parte desse problema estaria resolvido em Guarapuava. O comentário foi feito por um empresário para “ilustrar” a situação em que se encontra o distrito.
Distante cerca de 5 quilômetros da área urbana, às margens da PR 460, estrada que dá acesso ao município de Pitanga, o Distrito Atalaia se ressente com a falta de obras de manutenção. O abandono já pode ser visto logo na entrada. Ruas esburacadas e matagal tomam conta da cena. Apenas um telefone público está à disposição de quem mora no bairro e, assim como na cidade, os pontos de ônibus não possuem cobertura.
Sede de empresas madeireiras, das quais uma só trabalha com exportação de compensados; lavador de batata; torrefação e moagem de café; gráfica; viveiro de pinus; duas produtoras de carvão; duas próprias de manutenção industrial; pré-moldado e reciclagem de lixo, o Distrito Atalaia também está “encolhendo”. Das mais de 20 empresas que lá se instalaram na primeira gestão do ex-prefeito Vitor Hugo Burko, quando o distrito industrial foi implantado, 50% já fecharam.
“Alguns tentaram dar o passo maior do que a perna. Outros ficaram desmotivados com a situação precária do local e acabaram saindo”, diz um dos empresários contatados pela TRIBUNA.
A necessidade de reivindicar direitos levou à organização da classe empresarial radicada no Atalaia, mas a iniciativa não vigorou pela evasão das lideranças. “Várias reivindicações já foram feitas desde essa época até hoje. Num dia desses veio a máquina aqui, mas fez só um pouco do trabalho e não voltou mais. Ficou pior do que já estava”, disse o funcionário de uma das empresas. Ele fez questão de mostrar a situação de algumas ruas e descrever a situação. “Aqui em frente da nossa oficina nós mesmo jogamos uma pedras no buraco porque se não ninguém entra e ninguém sai. Ali naquela empresa o dono e dos filhos abriram valetas para a água não entrar. Isto aqui está uma vergonha”, afirma.
“Eu consigo entender esta situação por causa do mau tempo. Nós estamos há dois dias sem conseguir tirar madeira e quando os caminhões saem detonam as estradas. Temos essa consciência, assim como temos um bom relacionamento com o secretário (Mauro Temoscho, da Indústria e Comércio), esclarece outro empresário, embora afirme que há perigo dos caminhões tombarem pelos buracos que nas ruas do distrito e defenda a necessidade de pavimentação das ruas. “A Prefeitura quer que nós pague o asfalto e o pessoal não aceitou”, diz,
O que ele reivindica também é a construção de uma ciclovia na PR. “É preciso ver que o Atalaia já está incorporado à área urbana e a maioria dos trabalhadores vem do Xarquinho e da Vila Feroz. O perigo é grande”, comenta o empresário.
Para esta contestação basta sair à rodovia no final dos turnos. “A gente trabalhando rezando pra chegar na empresa e quando volta reza pra chegar em casa. Atravessar esta rodovia e muito perigoso, porque os caminhões andam a mil”, afirma a operária de uma das empresas que autorizou a publicação apenas do primeiro nome: Alice. “Sabe como é, ta muito difícil conseguir emprego hoje em dia”, afirmou numa referência ao temor de ser dispensada por ter reclamado à TRIBUNA.
O secretário de Indústria e Comércio, Mauro Cláudio Temoscho ficou surpreso com a abordagem da TRIBUNA. “Sempre que há alguma reclamação ou que me chamam eu vou até lá”, disse na terça-feira (30). “Hoje mesmo vou conversar com o Flávio (Veras, que é diretor da Surg) e pedir que ele mande arrumar as ruas”, afirmou.
Mauro confirmou que a proposta da Prefeitura para os empresários do Distrito Industrial Atalaia é de que eles paguem o material necessário para a pavimentação, enquanto a Prefeitura entra com a mão-de-obra. “Eles (os empresários) já ganharam o terreno e incentivos fiscais e podem muito bem arcar com parte dos custos da pavimentação assim como fizeram outros. Se a população da cidade paga o asfalto por que eles não vão pagar?” questiona.
Pela legislação, não é possível doar área para empresas, mas a Prefeitura vende terrenos a preços subsidiados. “Há locais onde o metro quadrado custa entre R$ 0,30 e R$ 0,50”, disse Mauro.

Cristina Esteche

Jornalista

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