22/08/2023

Enquanto produtores amargam prejuízo, Gilvan e Adelmo pensam na Festa do Feijão

O setor produtivo e a Prefeitura de Prudentópolis estão andando na contramão no desenvolvimento do município. Os produtores de feijão estão amargando uma expectativa de quebra de 50% na produção neste ano, motivada, principalmente, pelo clima. De outro lado, Gilvan e Adelmo já estão programando a Festa Nacional do Feijão Preto, que acontece em agosto.

Prudentópolis é responsável pela produção de 40 mil das 350 mil toneladas de feijão preto produzidas no país, figurando como o maior produtor brasileiro. Isso representa 12% do feijão preto que vai para a mesa dos brasileiros todos os dias, de acordo com dados da SEAB.

O feijão é a principal cultura de 75% dos pequenos agricultores de Prudentópolis, o que representa em torno de 5.800 das 8.000 famílias que sobrevivem da agricultura familiar no município. Mesmo as famílias que plantam outras culturas optam pelo feijão, em muitos casos, como cultura complementar ou alternativa.

A “safra das águas”, como ficou conhecida, está tirando o sono dos produtores de feijão em Prudentópolis. A redução da área de plantio e o clima ruim influenciaram negativamente. Com isso, o produto perdeu valor nutricional e saiu com qualidade inferior do campo. A queda em produtividade irá ocasionar uma redução significativa da lucratividade desta atividade. Segundo o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), boa parte dos agricultores já perdeu os grãos e menos da metade da produção será vendida.

De acordo com números da Emater, a área de plantio nesta safra caiu de 20 mil para 14 mil hectares em Prudentópolis. Já a produtividade passou de 1.200 kg para 700 kg por hectares. Desta forma, a expectativa é que sejam colhidas aproximadamente 200 mil sacas durante a safra. Número bem abaixo do registrado em anos anteriores quando mais de 600 mil sacas foram retiradas do campo. Com menos produto no mercado as cerealistas aumentaram o preço comercializado.

A quebra da safra reflete ainda mais no bolso do consumidor. Nos supermercados o valor médio teve aumento de 50%. Uma pesquisa feita pela Universidade Estadual do Centro- Oeste do Paraná (Unicentro) mostra que o kg do feijão saltou de R$ 3,60 para R$ 4,48 entre os meses de dezembro de 2012 e janeiro de 2013. O aumento dos custos de produção tem feito com que os pequenos agricultores já comecem a discutir a possibilidade de migrar para culturas alternativas, principalmente para garantir uma fonte de subsistência.

Enquanto isso acontece com a população, Gilvan e Adelmo se preocupam com os conjuntos, músicas e bandas que irão animar a FENAFEP. Eles devem ser seguidores das filosofias de Nero, o imperador romano que pôs fogo em Roma e assistia ao incêndio tocando sua harpa. Nero também ficou famoso com a frase: “Ao povo, pão e circo”.

E o povo? Bom, o povo….

(Com informações de Elio Kohut.)

Cristina Esteche

Jornalista

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