22/08/2023


Agronegócio

Expogua acaba, mas fica a indignação de guarapuavanos

Preços altos praticados por barracas instaladas no Parque de Diversões, crianças em busca da sobrevivência no lado de fora do Parque de Exposições, as péssimas condições do local onde aconteceu a Exposição Feira Agropecuária e Industrial de Guarapuava, Expogua. O evento terminou ontem, domingo (15), mas deixou um lastro de insatisfação para populares nas mais diversas situações.
O ex-reitor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), professor, jornalista e economista Carlos Alberto Gomes, em contato com a Rede Sul de Notícias nesta segunda-feira (16) reconhece que a Expogua foi um sucesso de público e de negócios. No entanto, uma cena lhe chamou a atenção, assim como, de muitos cidadãos que visitaram a ExpoFeira. "As inúmeras crianças que permaneceram no entorno do Parque com a intenção de ganhar algum dinheiro com a ´guarda´ dos veículos que estacionavam nas vias públicas", observa Gomes.
De acordo com o ex-reitor, eram crianças de cinco a 10 anos de idade, mal agasalhadas, enfrentando um frio intenso e os riscos de atropelamentos e de assédios. "Cenas que não combinam com a festa promovida pela Sociedade Rural e outras entidades importantes de nossa cidade. Onde estavam as autoridades municipais responsá¡veis pela fiscalização e cadê o Conselho Tutelar? Comendo pamonha e brincando no barco viking?" questiona. Segundo Carlos Gomes, algo precisa ser feito para que no próximo ano isso não aconteça e defende que as crianças carentes que lá estavam "trabalhando deveriam receber um tratamento condizente com a situação de penúria que enfrentam."
De acordo com o conselheiro Rodrigo Henke, do Conselho Tutelar de Guarapuava, a entidade atua em todos os momentos em que denúncias são feitas. "Também fizemos rondas na Expogua para verificar essa situação e autuamos, mas em muitos casos não temos condições de permanecer o tempo todo num lugar só", diz. Rodrigo explica que o Cosnelho Tutelar possui apenas cinco conselheiros para atender ´Guarapuava inteira e solicita que que as pessoa contribuam com denúncias.
O ex-reitor Carlos Alberto Gomes também se refere ao Departamento de Trânsito de Guarapuava, o Guatran que, segundo ele, enquanto essas cenas se repetiam diariamente nas duas semanas do evento, "pouco ou nada fazia para auxiliar no trânsito, limitando-se a acender as luzes das viaturas comodamente estacionadas" e vai além ao dizer que a Expogua se transformou num "evento de sucesso e ao mesmo tempo uma vitrine dos problemas sociais sem políticas adequadas. Colocando na balança, uma vergonha," diz. No Guaratran ninguém atendeu aligação telefônica às 17h5 desta segunda-feira (16).
A dona de casa Maria Aparecida Vieira, moradora no Bairro Santa Cruz, disse que "quase caiu de costas" quando foi comprar um churros numa das barracas do Parque Infantil. "Tiveram o disparate de me cobrar R$ 3,00 quando no centro da cidade eu compro três por R$ 5,00. Será que não existe um limite de preços, ainda mais que são pessoas de outras cidades que vem aqui nos explorar", comenta indignada.
Luiz Antonio, que preferiu não colocar o sobrenome, disse em e-mail encaminhado à redação da RSN, que saiu de casa no domingo, ontem (15), com a esposa para passar o dia na feira "achando que teria um dia agradável. Qual foi minha decepção ao ver um parque de exposições caindo aos pedaços, com pouquissimos expositores, uma música de péssima qualidade tocando altissimo nos alto falantes", reclama.
De acordo com o cidadão, Guarapuava é uma cidade de referência na agropecuária do Estado. "Está na hora de acordar e fazer uma feira decente," reivindica. "Levei uma qtia de dinheiro para gastar no parque mas não tinha no que gastar. Pelo menos economizei, e uma coisa é certa: no ano que vem não retorno e com certeza muitos pensamcomo eu. Fica o alerta," afirma.

Cristina Esteche

Jornalista

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