Há momentos em que a realidade desvela-se diante de nossa vista de modo tal que nos sentimos arrebatados pela verdade.
Certa feita, uma dessas experiências foi-me oferecida. Foi numa santa missa quando, próximo do término da mesma, celebrada no Santuário do Passo da Reserva (em Reserva do Iguaçu), foi dramatizada a Aparição de Nossa Senhora em Fátima ao som da Ave Maria de Schubert. Encenação essa organizada pelas catequistas da paróquia Nossa Senhora de Belém.
Não apenas a beleza era singular, como também a inocência apresentada pelas crianças e adolescentes que participaram desse singelo tributo à nossa Mãe Espiritual.
Senti-me partícipe daqueles acontecimentos. Silenciei-me interiormente e fiquei, por um momento, taciturno diante da solidão da mensagem de Fátima que, infelizmente, não encontra nos corações humanos a necessária ressonância e o indispensável acolhimento.
De mais a mais, pergunto-me: o que a Virgem Santíssima pede a todos nós em sua aparição ocorrida em 1917 nas lusitanas terras? Em que medida, nós, ditos fiéis Católicos, temos acatado as advertências e orientações que foram proferidas pelo Trono da Santíssima Trindade? Aliás, o que, de fato, ocorreu em Fátima e qual a importância específica desses acontecimentos para história do século XX e, de um modo geral, frente à história de todos os séculos?
Três perguntas que não deveriam, de modo algum, ser desprezadas. Mas, infelizmente, por temermos muito mais os grunhidos do mundo que a voz dos Céus que acabamos – cada um ao seu modo – soberbamente ignorando os apelos da Mãe de Deus.
Doravante, não temos, e nem devemos, ousar responder essas três indagações de modo raso, de maneira resumida. Isso seria um insulto à inteligência humana e uma ofensa descomunal para com a Senhora de bendito ventre. Entretanto, não podemos deixar de lembrarmo-nos do que há de central na mensagem Mariana de 1917 que foi apresentada ao mundo em língua portuguesa.
Nesta, Nossa Senhora pede para nos convertermos, rezarmos e nos penitenciarmos, principalmente, pelos infiéis de toda ordem, porque eles não compreendem o tamanho da gravidade de seus atos.
Resumindo: a mensagem de Fátima é um misericordioso apelo e uma amorosa advertência para os perigos que nossas almas estão correndo.
Bem, e o que estamos fazendo? Estamos procurando elevar nossa vida moldando-a de acordo com as luzes do Evangelho ou, presunçosamente, estamos nos fiado no intendo de reduzir a Boa Nova à pequenez de uma existência reduzida miudeza de nossos desejos?
Fazemos da oração o coração pulsante de nossa vida ou apenas repetimos mecanicamente as sentenças de nossas preces como se elas fossem uma reles obrigação social?
Penitenciamo-nos diante do Altíssimo reconhecendo que não somos dignos ou somos daqueles que creem ser tão justos que tais práticas não seriam condizentes com o nosso simulacro de piedade?
Lamentavelmente, não nos envergonhamos do modo displicente que vivemos, porém, se não temos vergonha de nossa mesquinharia espiritual, a mensagem em questão dificilmente encontrará um solo fértil, tamanho é a conturbação do coração do homem moderno que acredita ter muitas lições pra dar ao Criador ao invés de aprender algo com Ele.