Os funcionários do Hospital Santa Tereza de Guarapuava decidiram entrar em greve em 72 horas, caso o pagamento deste mês não seja efetuado. A decisão foi tomada nesta quinta (14) em assembleia organizada no Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviço de Saúde de Guarapuava. O pagamento dos funcionários deveria ter sido feito no último dia 7 de fevereiro.
Nesta sexta (15), o administrador do HST Francisco Cogo informou que o sindicato ainda não notificou o hospital sobre a decisão. E que caso confirme, por exigência legal, todos os serviços essenciais serão mantidos. Na semana passada o administrador do hospital Francisco Cogo, informou que mensalmente solicita para a regional uma antecipação de recursos da contratualização para a folha de pagamento e que este mês o mesmo foi feito, mas com a mudança de governo, secretários e demais cargos, a velocidade da análise do pedido não foi a mesma. O valor total da folha de pagamento dos 360 funcionários é de cerca de R$ 730 mil.
Em entrevista ao Portal RSN, o presidente do sindicato Alcione de Jesus Domingues, afirmou que a deliberação da assembleia prevê greve a partir de 72 horas, com início ao meio-dia da próxima segunda feira (18). De acordo com ele, o prazo serve de alerta para a própria instituição se preparar, além de ser neste período que a categoria fará o trâmite necessário para que a greve ocorra de maneira legal.
“O Hospital Santa Tereza vai ser notificado hoje (15) por volta do meio-dia. Os outros órgãos ligados ao hospital, como a Secretaria de Saúde do município, Samu e a 5ª Regional de Saúde, serão notificados até o fim do dia”.
Segundo Alcione, a categoria pode recuar da greve caso os pagamentos sejam efetuados até o fim do prazo. “A greve foi decidida por unanimidade pelos 60 funcionários que participaram da assembleia. Muitos saíram de férias e não receberam. Alguns voltaram de férias e também não receberam. Começa faltar dinheiro para esses funcionários pagarem as contas e comprar alimentos para suas famílias”.
O presidente do sindicato afirmou que 30% dos serviços do hospital serão mantidos, como as UTIs e o atendimento do Pronto Socorro em casos graves. O hospital atende Guarapuava e cerca de outros 20 municípios da Região, totalizando um contingente de 500 mil pessoas. Até fechamento dessa reportagem, a administração do hospital não informou sobre uma previsão para os pagamentos dos funcionários.
No último dia 25 de janeiro, cerca de 100 funcionários do Hospital Santa Tereza, estavam com o pagamento em atraso. Na época, o administrador do HST, Francisco Cogo, afirmou que questões burocráticas do Governo do Estado provocaram a demora no pagamento.
CRISE
O ano de 2019 já começou difícil para o Hospital Santa Tereza. No dia 1º de janeiro, quatro médicos que eram responsáveis pela Ortopedia do Hospital Santa Tereza, em Guarapuava, declinaram da prestação de serviço no departamento e o setor ficou fechado. Os serviços foram retomados no dia 17 de janeiro, após um acordo financeiro com diretoria do Instituto Virmond que mantém o Santa Tereza. A decisão dos profissionais ocorreu frente à dívida da instituição com o corpo clínico, que se arrasta em uma crise financeira desde o início de 2018.
A crise financeira do Hospital Santa Tereza envolvendo todo o corpo clínico da instituição veio à tona em abril de 2018, quando médicos sinalizaram a possibilidade de realizarem um desligamento em massa do HST caso a folha de pagamento não fosse regularizada. Na época, uma solução paliativa foi apresentada, porém, menos de dois meses depois, o problema voltou a pauta pública, quando médicos começaram a se desligar da instituição.
ACORDO
Pelo acordo, nos meses de janeiro à abril o hospital pagará 30% do valor dos salários aos médicos da ortopedia. A partir de maio deste ano, com o repasse do valor previsto pelo novo contrato, os salários serão pagos integralmente. E a partir de junho, além do salário completo, os médicos do setor deverão receber também parcelado, o saldo devedor até fevereiro de 2020.
No último dia 9 deste mês, o Governo do Estado do Paraná garantiu ajustes orçamentais para que o Hospital Santa Tereza, reabrisse o setor de Ortopedia. O primeiro contrato com a instituição previa repasse de R$ 227 mil, para cirurgias de alta complexidade. Mas como o hospital não atingiu as metas estipuladas pelo Governo, já que a demanda é para procedimentos de média complexidade, o valor recebido para manutenção do setor ficou entre R$ 50 mil e R$ 80 mil.
De acordo com Cogo, o acordo foi possível após alteração contratual que começa a valer para os atendimentos de média complexidade a partir de fevereiro. Com isso, o repasse será de R$ 150 mil a partir de maio deste ano.