22/08/2023


Geral

Fungo obriga biblioteca a incinerar 20 mil livros

Falta de espaço, problemas de armazenamento e umidade. Esses foram os três fatores que levaram ao descarte de 20 mil dos 35 mil livros da Biblioteca Pública Municipal Professor Bruno Enei, em Ponta Grossa. Depois de dois laudos – um da Universidade Estadual de Ponta Grossa e outro da Biblioteca Pública do Paraná (BPP) –, que comprovaram a existência de fungos nos livros, todos os exemplares contaminados serão incinerados até o fim do mês.

A destruição dessas obras, segundo a coordenadora da biblioteca, Gisele França, é consequência de mais de 70 anos sem um espaço próprio. Ela conta que, desde que a biblioteca foi inaugurada, em 1940, já passou por 11 locais diferentes. “Cada mudança gera grande prejuízo a todo o acervo”.

Mas foi em seu último endereço, a Estação Saudade, que a situação se agravou. A umidade e o pouco espaço para armazenar as obras resultaram na proliferação de dois tipos de fungos – Rhodotorula spp e Fusarium spp, ambos contagiosos e prejudiciais ao papel e à saúde humana.

HISTÓRICO

A biblioteca se mudou para a Estação Saudade em 2004, em caráter provisório e acabou permanecendo no local até dezembro de 2012, quando o prédio, construído especificamente para abrigar o acervo, ficou pronto.

A coordenadora da biblioteca conta que os livros sempre receberam processo de higienização padrão. Mesmo assim, não foi possível evitar a contaminação das obras. A decisão de descartar os títulos só foi tomada depois que todos os 35 mil exemplares passaram por um processo de descontaminação. Entretanto, nem todos foram salvos. “Ainda havia a possibilidade de fazer um ‘banho de restauro’, mas é muito caro e não compensava, já que se trata de obras facilmente encontradas em sebos a preços menores”, lembra. Cada banho pode custar cerca de R$ 250 por obra.

“Infelizmente, algumas obras estavam contaminadas e foram condenadas pelo ambiente muito úmido”, explica Vilma Gural Nascimento, assessora técnica da BPP.

Os livros contaminados ficaram armazenados na Estação Saudade até a última terça-feira, quando foram removidos para o barracão do Instituto Brasileiro do Café de Ponta Grossa (IBC). A previsão é de que as obras sejam incineradas até o final do mês.

Cristina Esteche

Jornalista

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