22/08/2023
Economia

Futuro do grupo Rede está nas mãos da Vara de Falências

O futuro do grupo Rede de Energia, que inclui a distribuidora  em Guarapuava, está nas mãos do juiz da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo e não há nenhuma previsão sobre o desfecho do caso. Ele deverá decidir se aceita ou não a proposta feita pela mineira Energisa, já que a concorrente foi rejeitada na assembleia de sexta-feira (05). “Ainda não temos nenhuma informação. A concessionária aguarda uma manifestação oficial do juiz”, disse o gerente regional da Rede em Guarapuava, Dalessandro Manfei à Rede Sul de Notícias nesta terça-feira (09). Para qualquer decisão, a justiça precisará analisar liminares que foram impetradas por acionistas que não aceitam as propostas apresentadas por empresas interessadas na compra das unidades do grupo.

O grupo Rede controla oito distribuidoras de energia espalhadas pelo país, que estão sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde o fim de agosto de 2012. O processo de venda do conglomerado paulista, que é a maior recuperação judicial do país, se arrasta desde 2011, e é inédita.

Em dezembro de 2012, o  Rede e o consórcio CPFL-Equatorial assinaram o compromisso de possível compra do grupo. O consórcio entregou um plano de recuperação que previa pagar as dívidas das cinco holdings do grupo Rede com um desconto de 85%. Porém, a Energisa,  um grupo mineiro, também se interessou  pela compra e apresentou outra proposta, oferecendo um deságio de 75%. A Copel, que seria parceria da Energis, voltou atrás e saiu do negócio.

Na sexta-feira (05), foi realizada  a terceira assembleia de credores do grupo. Houve a  derrubada  do plano da CPFL-Equatorial e  proposta da Energisa, embora tenha sido votada, continua em aberto com possibilidade de que a proposta seja rejeitada. Se isso ocorrer, as holdings do Grupo Rede podem ir à falência.

O plano de recuperação previa a venda do Rede para a CPFL e Equatorial pelo valor simbólico de R$ 1 com o  compromisso de investimentos no valor  R$ 1,8 bilhão. A proposta prevê o pagamento de até R$ 800 milhões para credores com garantia real e de até R$ 1,4 bilhão para credores quirografários. Já a oferta levada apresentada pela Energisa prevê pagamento de R$ 1,8 bilhão para os credores e investimentos (plano Aneel) nas companhias de R$ 1,1 bilhão.

Toda essa dívida tem uma causa. Como as empresas do grupo que atuam no norte e nordeste brasileiro tinham déficit financeiro, recursos de outras empresas do grupo foram sendo remanejados, provocando a atual situação. A Celtins (TO) tem a pior situação entre as concessionárias de maior porte. Em menor medida, a Cemat (MT) também preocupa. Só a Enersul (MS) tem conseguido sobreviver com o mínimo de folga. As outras cinco distribuidoras,  são pequenas concessionárias no interior de São Paulo e do Paraná, incluindo a de Guarapuava. A situação dessas é também bastante delicada.

 

"Distribuição em Guarapuava não será afetada"

Apesar da situação financeira do Grupo Rede ser muito delicada, Dalessandro Manfei garante que nada afetará os 53 mil usuários de energia elétrica em Guarapuava. “Esse é um problema corporativo que não afeta a concessionária”.  Segundo Dalessandro, os recentes apagões que aconteceram na cidade foram provocados pela troca de equipamentos na subestação da Copel e por problemas técnicos provocados por animais.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.