O Governo do Paraná reforçou, nesta terça-feira (19), durante a Escola de Governo, sua posição contra o decreto do Governo Federal, que prevê a extinção dos escritórios regionais da Fundação Nacional do Índio (Funai) no estado. De acordo com o decreto 7.056, assinado pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, em 28 de dezembro, os 20 mil índios que vivem no Paraná passam a ser subordinados a escritórios da Funai, de Florianópolis ou Chapecó, em Santa Catarina.
Temos envolvimento profundo com as aldeias indígenas. Construímos casas e escolas e distribuímos alimentos e sementes. Esse apoio a Funai não dá. Não tem nenhum sentido a supressão e a transferência da Funai para Santa Catarina, afirmou o governador Roberto Requião. Somos o estado mais atuante na defesa e no desenvolvimento das comunidades indígenas e vou interceder para que eles sejam recebidos em Brasília. Requião informou que já conversou com o presidente Lula sobre o assunto e que irá falar com o ministro da Justiça, Tarso Genro.
Depois da Escola de Governo, o secretário de Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira, se reuniu com representantes de aldeias para ouvir as reivindicações e reforçar o apoio o Governo do Estado. O presidente da Funai tem se recusado a atender os representantes indígenas, que estão no Distrito Federal procurando uma solução para esse impasse. Eles precisam abrir os olhos e tratar os índios como protagonistas dessa história, disse Nizan.
PROTESTO – Cerca de 50 índios ocupam, há uma semana, a sede da Funai, em Curitiba, e representantes de tribos de vários estados protestam há 15 dias, em Brasília, tentando conseguir audiência com o presidente Lula. Não queremos trancar rodovias e invadir o escritório da Funai. Estamos fora de casa há uma semana, com mulheres grávidas e crianças. Mas é a maneira que encontramos para chamar a atenção e tentarmos discutir a situação com o Lula, contou o cacique Carlos Ubiratã dos Santos, da tribo kakané-porã, de Curitiba.
Sentimos que o Governo Federal não quer que o índio evolua. Querem que a gente seja eternamente dependente deles. Ainda bem que encontramos pessoas dispostas a abraçar nossa causa, disse Dirceu Pereira Santiago, vice-presidente do Conselho Regional Indígena, da tribo caingangue.
Legenda foto: Nizan Pereira, secretário especial para Assuntos Estratégicos em reunião com lideranças indígenas. Crédito – Roberto Corradini
Fonte: AEN