Curitiba – O Governo do Paraná defende a manutenção da Tarifa Externa Comum (TEC) para as importações de trigo de países fora do Mercosul. A intenção é reforçar a posição do setor produtivo do Sul do País, da qual o Paraná se destaca como o maior produtor, para evitar as importações de trigo sem controle como aconteceu no ano passado, que elevou os estoques das indústrias e prejudicou a comercialização da safra nacional de trigo.
O secretário da Agricultura, Valter Bianchini, é signatário de documento conjunto elaborado pelas entidades representantes dos produtores como a Câmara Setorial de Trigo, Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) que está sendo enviado ao Ministério da Agricultura, em Brasília. Segundo Bianchini, o documento reforça a pauta de reivindicações, já apresentada ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para incentivar o plantio do trigo na região Sul do Brasil. O objetivo é garantir uma boa comercialização para a safra nacional de trigo que entra no mercado a partir de agosto de 2009.
Segundo Bianchini, agora em período de pré-plantio o preço do trigo, em torno de R$ 30,00 a saca, é considerado satisfatório e as perspectivas são de aumento na área plantada. Ele tem informações que o mercado de sementes está aquecido, inclusive com carência de algumas variedades mais disputadas pelos produtores. Mas, segundo a Associação Paranaense de Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), há disponibilidade suficiente de sementes para o plantio de trigo na safra 2009, inclusive para aumentar a área em até 10% em relação ao ano passado, quando foram plantados 1,15 milhão de hectares no Paraná.
Para o secretário, a manutenção desse otimismo no campo depende de posições adotadas no âmbito do governo federal para não frustrar as expectativas positivas dos produtores em relação à comercialização. Os agricultores já comprovaram que podem suprir grande parte da demanda de trigo do País com uma produção de boa qualidade. Em 2008, a produção nacional do trigo respondeu por 60% da demanda, sendo o Paraná o maior produtor com um volume colhido superior a três milhões de toneladas.
Para atender ao consumo de trigo do País a estimativa de importação do grão para 2009 está avaliada em torno de 1 milhão de toneladas até agosto quando entra a safra nacional no mercado. Segundo Bianchini, considerando o volume de três milhões de toneladas em estoques nas indústrias, a disponibilidade de trigo até a entrada da safra totaliza cerca de quatro milhões de toneladas, que dá para atender uma demanda da ordem de 800 mil toneladas por mês que corresponde ao consumo mensal do País.
Para não frustrar o otimismo dos produtores que estão investindo rumo à autossuficiência da produção é essencial a manutenção da TEC, reforçou Bianchini. Segundo o documento que está sendo enviado a Brasília, a manutenção da alíquota em 10% para importação de trigo de países de fora do Mercosul é fundamental para tornar consistente a política agrícola e para evitar o erro cometido em 2008 quando foi zerada a tarifa, com a alegação de que as indústrias estavam sem estoques.
O que se viu disse Bianchini é que essa alegação de parte das indústrias não foi comprovada e mesmo assim elas elevaram seus estoques com as importações de outros países. Com isso quando a produção nacional entrou no mercado as indústrias estavam estocadas e o preço do trigo caiu. O governo teve que intervir no mercado, elevando seus gastos. Conforme o documento, o governo interviu na comercialização de dois milhões de toneladas de trigo com um custo estimado em R$ 830 milhões para garantir o recebimento do preço mínimo para os produtores.
Além da manutenção da TEC, o setor produtivo aguarda outros instrumentos de incentivo à produção como linhas de crédito, seguro agrícola e preço mínimo que supera os custos de produção. Eles deverão ser avaliados durante reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) prevista para o mês de março
(AEN)