22/08/2023
Guarapuava

Guarapuavano ganha a Ásia como modelo fotográfico

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Cristina Esteche

Beleza é subjetiva, e tudo depende dos olhos que a enxergam. Foi quando caminhava pelas ruas de Curitiba que “olheiros” de agências de publicidade viram a beleza exótica do guarapuavano Luis Alberto Montero de Oliveira, 21 anos. Hoje ele ganha o mundo protagonizando cliques e trabalhos publicitários na Índia, China, Indonésia e Malásia, onde mora atualmente.

A internacionalidade sempre esteve na vida de Luis Alberto. Seus pais, Luz Mejias Montero e Luis Fernando Cunha de Oliveira, se conheceram em Israel e, anos depois, vieram morar em Guarapuava, ali no Bairro Trianon, perto da Praça Ucrânia. Nasceram Fernando Esteban, que mora nos Estados Unidos, e Carlos Alberto. “Construí toda a minha infância lá e desde pequeno meus pais me incentivaram a estudar, aprender outra língua – o espanhol, pela minha mãe –, a ter uma vida saudável e praticar esportes. Gosto muito de futebol, mas também sempre fui apaixonado por tecnologia, videogame, computador”. Aos 15 anos, quando estudava no ensino médio, foi decidido que o jovem se mudaria para Curitiba para ingressar na vida universitária e tentar uma universidade federal, como havia feito seu irmão mais velho, que é engenheiro florestal.

Em Curitiba, acolhido pela família paterna, a escolha foi cursar Análise de Sistemas na Universidade Federal do Paraná. “Fiz cursinho e com muito estudo e dedicação passei no curso que almejava. Felicidade enorme, um êxito muito grande. Comecei em seguida a trabalhar na área. Gostava do que fazia, mas ainda não estava formada a ideia de trabalhar com isso pelo resto da minha vida”.

Surgiu então a oportunidade de ser modelo. “Algumas agências em Curitiba me abordaram nas ruas e perguntavam se eu tinha interesse em me tornar modelo, pois eu tinha perfil e tudo mais. Eu não havia dado bola até então. Comentei com meus amigos uma vez, e eles acharam o máximo e me incentivaram. Muito cauteloso, fui conversar com uma das agências, a Just Models Brasil-Internacional, e desde então eles depositaram muita confiança em mim, aumentaram minha autoestima e me ensinaram a base para que eu me tornasse um modelo, além da cobrança de estar em forma sempre, cada vez melhor”.

Morar em outro país foi sempre um dos grandes sonhos do guarapuavano que, até então, tinha viajado para o Chile algumas vezes para visitar a família por parte de mãe. “Sempre tive paixão por viajar, conhecer novas culturas, provar novas comidas, me aventurar”.  

O primeiro contrato internacional do modelo foi para Índia, em Nova Déli. Sem falar inglês, desde que entrou no avião, Luis Alberto conta que buscava desafiar a si mesmo para conversar com as pessoas e tentar se adaptar ao inglês o mais rápido possível. Após escala na África por um dia, eis que o jovem desembarca na Índia. “Foi um choque muito grande chegar à Índia e ficar três meses lá. Um país onde a vaca é sagrada – e eu filho de gaúcho. Muitos desafios. Clima de 48ºC, mudança de rotina, acostumando-me a mudar a vida de programador em escritório para a de modelo fotográfico em estúdio”. A experiência foi incrível. “A Índia é um lugar fantástico, conheci diversos templos, incluindo o Taj Mahal, e construí amizades com pessoas de coração enorme, humildes. Ao mesmo tempo, foi muito difícil morar lá, por diversas vezes tive problemas no estômago por me alimentar com algo contaminado. A comida é estupidamente apimentada, mas eu gosto. Enfim, posso passar horas falando dos lados bons e ruins da Índia”.

Foi o começo da vida de modelo. O próximo destino foi Shanghai, na China. “Lá vamos nós trocar totalmente de novo! A nova rotina de trabalho era insana, pois Shanghai é a cidade que nunca dorme. Um país que está pelo menos 10 anos à frente do Brasil, diria eu. Em questões de economia, tecnologia, qualidade de vida, organização. Um mercado com muitos modelos do mundo todo, competitividade maior. Visitei Hong Kong por duas semanas para renovar meu visto e fiquei fazendo turismo”.  

De lá, a próxima parada foi em Jakarta, na Indonésia, um país muslim (muçulmano) onde tudo fecha antes das 22 horas. Não se vende bebida alcoólica nas conveniências, o trânsito é cheio de motos. Mas uma rotina de modelo muito interessante, um mercado com vários designers e excelentes fotógrafos, reconhecidos mundialmente. “Lá aumentei meu material de fotos e em revistas. Participei de um programa de TV ao vivo, dancei músicas brasileiras e na minha performance fiz coreografia de sertanejo, funk e puxei a galera para dançar também”.

Atualmente, Luis Alberto está em Kuala Lumpur, na Malásia. “Um mix de todos os países da Ásia que visitei até agora. Incrível. Cidade limpa, organizada, muitos turistas e todos falam inglês. Encontrei um modelo de Guarapuava também, o Douglas Zanon. Mundo pequeno. Estamos na mesma agência."

Embora seu perfil seja mais para o trabalho fotográfico, o guarapuavano não descarta a possibilidade de atuar. “Me cuido muito, tenho boa comunicação e fluência no português, espanhol e inglês. Apesar de não ser meu forte, tenho altura para fazer desfiles, e já participei do Men’s Fashion Week, na Indonésia. Enfim, encontrei o que eu realmente amo fazer. Minha rotina atrás das lentes da câmera. Felizmente, meu trabalho me dá oportunidade de conhecer outras culturas através das pessoas, religiões, estilos de vida, maneiras de pensar e agir. Sempre valorizo meus dois países de origem, Brasil e Chile. Carrego as duas bandeiras”.

O guarapuavano compartilha a vida profissional no Instagram: @lamontero95

Cristina Esteche

Jornalista

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