22/08/2023
Cotidiano

Incinerador divide opiniões em Entre Rios

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Resíduos produzidos em Guarapuava na área da saúde são incinerados em outros municípios

Preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente são os objetivos descritos na legislação que recomenda o gerenciamento referente à geração, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e deposição final dos resíduos sólidos infectantes.
Também conhecidos como “lixo hospitalar”, os resíduos infectantes são produzidos nos estabelecimentos que prestam serviços na área da saúde. São hospitais, laboratórios, consultórios médicos e odontológicos, farmácias de manipulação, drogarias, laboratórios químicos, postos de saúde, necrotérios, Instituto Médico Legal.
Em Guarapuava ainda não há nenhum incinerador credenciado e o aterro sanitário ainda está em fase de construção. O único local existente para a armazenagem das 80 toneladas diárias de lixo urbano é o chamado “lixão”, onde é proibido o depósito dos resíduos hospitalares. Até bem pouco tempo esse material era enterrado em uma vala existente no lixão.
Hoje não se tem informações sobre o valor desembolsado pela Prefeitura para transportar e incinerar os resíduos das unidades municipais de Saúde, o equivalente a quatro mil quilos mensais, segundo a Vigilância Sanitária, em empresas de outros municípios. No Departamento de Licitação e também no setor de Compras ninguém soube dar a informação.
Até 2008 o material era transportado para Dois Vizinhos e outro município de Santa Catarina. Neste ano o Departamento de Licitação ainda não publicou o edital para a contratação da nova empresa. O contrato anterior está encerrado. Um aditamento garante a continuidade do serviço.
Os lixos de empresas privadas (hospitais, farmácias, entre outros) são coletados também por empresas de outros municípios. A informação que se tem é que muitas empresas de fora atuam na cidade nesse setor.
O Hospital Santa Tereza, por exemplo, descarta esse lixo duas vezes por semana (segunda e sexta-feira) para uma empresa particular. O funcionário que cuida do setor não soube informar qual é a quantidade produzida e nem o valor pago.
Outros dois hospitais foram consultados pela TRIBUNA (São Vicente e Belém), mas a ligação telefônica caiu e ninguém prestou informações.
Mas falta muito pouco tempo para que esse problema esteja solucionado nos 20 municípios que há no entorno de Guarapuava e que pertencem à 5ª Regional de Saúde, incluindo a sede.
A bióloga Sigrid Wolf Essert (foto) está construindo um incinerador na Colônia Samambaia, no distrito de Entre, Rios em Guarapuava. A obra, que deve estar concluída nos próximos 30 dias, gerou polêmica numa das sessões da Câmara e chegou até o Conselho de Ética, Cidadania e Justiça de Guarapuava e à Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Câmara. É que o vereador Gilson Amaral (DEM) foi porta-voz da preocupação de alguns moradores do local.
Lideranças de Entre Rios são contrárias à construção do incinerador. Elas entendem que o investimento não oferece garantias. Na segunda-feira (16), a Câmara de Vereadores deve lotar, já que Sigrid vai comparecer na sessão para falar sobre o assunto
É que a incineração libera gases tóxicos, uma vez que esse lixo pode conter diversos tipos de resinas e outros materiais cuja queima além de liberar monóxido de carbono (CO) também pode liberar outros gases prejudiciais à saúde.
No entanto, a bióloga garante que a obra não apresenta nenhum risco. “Tudo está sendo feito dentro das normas exigidas, desde a localização até o caminhão que vai transportar os resíduos. A empresa é cadastrada no CRE (Conselho Regional dos Engenheiros e no CRBIO (Conselho Regional de Biologia)”, garante. Segundo a bióloga e gestora ambiental, os cinco funcionários que vão trabalhar no local, incluindo um técnico em meio-ambiente e um engenheiro ambiental, são aptos profissionalmente.
O “lixo hospitalar”, segundo Sigrid, deve ser embalado de forma especial, seguindo normas de segurança específicas, utilizando-se sempre sacos identificados, grossos e resistentes.
O depósito desses sacos deve ser em vasilhames bem vedados e estes colocados fora do alcance de pessoas, até a chegada do carro próprio para a coleta. Seu destino é o incinerador onde é queimado e transformado em cinzas. “A incineração começa com 800 graus e vai até 1,2 mil graus. A cinza é inerte e vai para o aterro industrial”, explica.
Outra medida preventiva tomada pela bióloga é que o caminhão que vai transportar o lixo “é um furgão isotérmico adaptado dentro das normas da ABNT e já passou por todas as vistorias”, diz.
Para o transbordo e coleta do “lixo hospitalar” é preciso autorização do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que somente poderá ser emitida após a conclusão da obra já vistoriada pelos órgãos competentes (Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros, entre outros).
A implantação desse serviço em Guarapuava representa economia e agilidade. “Nos hospitais a intenção é coletar os resíduos em dias intercalados, enquanto nas farmácias isso será feito uma vez por semana”, programa Sigrid. Segundo a bióloga e gestora ambiental, os empresários do setor poderão ter uma economia de até 30% nos custos atuais. “Só com a isenção dos gastos para transbordo desse material a outra cidade a economia já será grande”, observa.

Cristina Esteche

Jornalista

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