A indefinição e a lentidão na avaliação do novo projeto para a retomada do programa Compra Direta da Conab em Guarapuava está causando prejuízos para 130 pequenos produtores rurais. Suspenso desde dezembro de 2012, quando passou a ser alvo de investigação por parte da Policia Federal, uma vez que, segundo a própria PF, o Compra Direta teria sido usado como ferramenta política através do programa Ecofeira comandado pelo ex prefeito Luiz Fernando Ribas Carli, os pequenos produtores ainda aguardam a retomada do Programa.
De acordo com a presidente da Central de Associações Rurais do Município de Guarapuava (Carmug), Zenilda Araújo, todo o trâmite burocrático foi seguido e a última informação é de que o novo projeto já teria sido aceito e aprovado pela Conab. “Na Conab, ficam empurrando a responsabilidade de um para outro. Ninguém passa uma informação concreta. Houve problema no passado em Guarapuava, mas nós seguimos todos os trâmites e orientações da própria Conab na elaboração desse novo projeto. Os produtores estão no limite, pois essa renda está fazendo falta e essa indefinição está deixando todos agoniados”.
Na última semana, através da Operação Agro-Fantasma, deflagrada pela Polícia Federal, que investigou o Programa Compra Direta, os responsáveis pelo escritório da Conab em Curitiba foram afastados dos cargos. O atual responsável pelo escritório na capital, Erli Ribeiro, foi procurado pela redação da Rede Sul de Notícias, porém não foi localizado para falar sobre o assunto.
Conforme Zenilda Araújo, a última informação repassada pela Conab, através da central em Brasília, é de que o projeto havia sido aprovado e encaminhado através dos Correios para a capital do Estado. “Nós não temos mais a quem recorrer. Se o projeto foi aprovado e não tem nada a ver com os problemas do passado, nós precisamos colocá-lo em prática e retomar a produção nessas 130 pequenas propriedades. Queremos uma posição definitiva, pois desde fevereiro estamos correndo atrás, e até agora só estamos sendo enrolados”.
CARMUG
A nova diretoria da Carmug assumiu o cargo em abril deste ano. Atualmente, para o Programa Compra Direta, estão cadastradas 130 famílias de produtores rurais. “Toda a sistemática de emissão de notas mudou. A Carmug apenas fará a logística e o trabalho burocrático para essas famílias. As notas fiscais, obrigatoriamente, passam a ser emitidas pelos produtores. Esse era um dos problemas no passado, mas que foi normalizado”, explica Zenilda.
As 130 famílias rurais têm direito a um repasse de R$ 6.500,00 anuais, o que corresponde a uma renda média de R$ 541,00. “No passado o Programa também era administrado pela Prefeitura, que a partir desse novo projeto fica fora do processo, prestando apenas orientação técnica e apoio aos produtores. Mas o gerenciamento do Programa é todo da Carmug. Os produtores precisam entregar a produção. O Programa precisa ser retomado urgentemente”, conclui a presidente da Carmug.
Até a finalização desta matéria, a Conab não deu retorno sobre os questionamentos da Rede Sul de Notícias.