Os alimentos da agricultura familiar servidos na merenda dos 1,3 milhão de estudantes das escolas estaduais do Paraná passarão por análises de resíduos de agrotóxicos. A medida é resultado do termo de cooperação assinado quinta feira (13), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, entre as Secretarias estaduais da Saúde e da Educação.
A ação de monitoramento na área de alimentação escolar é inédita no Brasil e fará parte do Programa Estadual de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para). “Nossos alunos merecem esse cuidado. O Governo do Estado fará de forma inédita este monitoramento, com amostragens sobre os resíduos de agrotóxicos e outros exames como os parasitológicos”, disse o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto.
O diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação, Jorge Wekerlin, afirmou que a iniciativa é necessária, pois o Paraná aumentou nos últimos três anos 800% a quantidade de produtos da agricultura familiar na merenda, e atualmente metade das refeições servidas aos estudantes é composta por alimentos que vêm direto dessas lavouras. “Assim como monitoramos a qualidade dos alimentos industrializados, também precisamos estender esse controle aos alimentos frescos, mas claro que junto faremos um trabalho de orientação aos produtores”, destacou.
Wekerlin ainda lembrou que o Paraná é o estado que mais investe na agricultura familiar. Somente na alimentação escolar, em 2014, foram investidos R$ 46 milhões para a compra de produtos de associações de pequenos agricultores. Em 2010 eram apenas R$ 3 milhões. “O investimento viabiliza economicamente a produção do pequeno agricultor, o sustento da família e fortalece o interesse na atividade do campo”, comentou.
MONITORAMENTO
Na primeira etapa deste ano, um projeto piloto será desenvolvido em Maringá, Pato Branco e Cascavel. Os municípios farão a coleta dos alimentos nas associações e cooperativas que será enviada para o Tecpar onde serão feitas as análises. Os resultados servirão para ajustes nas práticas de produção.
“Vamos confirmar se os alimentos orgânicos estão sendo produzidos sem contaminação de defensivos, bem como se o uso de alimentos convencionais está dentro dos limites permitidos. Se necessário, vamos orientar os agricultores para ajustarem suas práticas de produção, e garantir total qualidade aos alimentos provenientes da agricultura familiar”, explicou a diretora de Infraestrutura e Logística da Secretaria da Educação, responsável pela alimentação escolar, Márcia Stolarski.
O sistema merenda da Secretaria da Educação, que já possui integração com o Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), receberá e divulgará os resultados das análises para o grupo de trabalho que foi instituído com a assinatura do termo de cooperação, além de criar um novo indicador de qualidade para os produtos das associações e cooperativas.
Para 2015 já estão projetadas ampliações, até que todas as associações e cooperativas e todos os Núcleos Regionais de Educação sejam integradas ao programa.
AGROTÓXICOS
O governo do Estado tem direcionado políticas na área para reduzir o uso de agrotóxicos na agricultura para promover a saúde da população paranaense, dos agricultores e diminuir os impactos ambientais. “O Paraná vem desenvolvendo ações que estimulam a prática da agricultura orgânica ou agroecológica, sendo possível se fazer uma agricultura sustentável, em todos os aspectos, social, tanto social, ambiental, econômica, dando ao consumidor final um alimento bastante seguro e de qualidade”, disse o presidente do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia, vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, João Carlos Zandoná.