(i)
Qual é a porção de atenção que nossas palavras merecem? De cinco a dez por cento do tempo que foi dispendido por nós para elaborar isso ou aquilo que pretendemos que seja ouvido por nossos semelhantes.
Por isso que, sinceramente, considero uma baita sacanagem quando um sujeito pede nossa total atenção para algo que ele nunca havia pensado até o momento em que resolveu abrir a sua boca.
Tal atitude seria similar a do sujeito que soltou uma flatulência e quer que os outros cheirem na marra aquele troço que foi gerado sem um mínimo de esforço e que, como todos sabem, não tem valor algum.
Enfim, assim o são todas as opiniões emitidas sem um mínimo de consideração pelo conhecimento que necessariamente deveria fundamentá-las. Ponto.
(ii)
Com muita facilidade, a covardia moral confunde-se com a virtude cardinal da prudência. Não se engane! A prudência, enquanto mãe de todas as virtudes, é a conquista da sabedoria; já a covardia moral, fantasiada da referida virtude, nos avilta e nos estupidifica sem a menor cerimônia em nome de nossa cobardia fundamental. Enfim, por essas e outras que, definitivamente, autoengano maior que esse não há.
(iii)
Bom mocismo não passa de malícia em misto com uma covardia moral sensibilíssima. Isso tudo bem juntinho, misturado e mal disfarçado de virtude é o tal do bom mocismo. E põe mal disfarçado nisso.