A Justiça revogou a prisão preventiva dos 21 policiais acusados de abuso de autoridade, falso testemunho, tortura, estupro e lesão corporal contra os quatro jovens apontados como suspeitos de matar, em junho deste ano, a adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, que morava em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. A juíza Aline Passos decretou fiança de R$ 10.000,00 para cada acusado e outras medidas cautelares como comparecimento em juízo a cada dois meses e afastamento das funções policiais. Eles também estão impedidos de chegar perto das supostas vítimas ou familiares e não podem se ausentar por mais de oito dias, sem autorização judicial. A decisão é de sexta feira (25).
Após o corpo da adolescente ter sido encontrado próximo ao parque de diversão onde os quatro suspeitos do crime trabalhavam, a polícia chegou a divulgar que os rapazes haviam confessado o crime e deu o caso como encerrado. Mais tarde, entretanto, depois de uma conversa com representantes da sede paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) e de depoimentos ao Ministério Público (MP) Estadual, os quatro disseram que assumiram a autoria porque foram torturados, o que motivou a denúncia.
Dos 21 suspeitos de tortura, 16 são policiais civis, um é policial militar, dois são guardas municipais e dois são considerados presos de confiança. Um dos acusados, Silvan Pereira, foi o primeiro delegado a assumir as investigações do caso Tayná.
Todos os acusado negam os crimes. Eles argumentam, por meio dos representantes jurídicos, que os depoimentos utilizados para embasar a denúncia não são críveis, inexistência de indícios e também ilegalidade da investigação. As justificativas, porém, não foram acatadas pela juíza, que afirmou que as preliminares deduzidas pelos acusados não merecem ser acolhidas e que existem indícios de autoria, que posteriormente precisão ser comprovados.
Segundo a decisão, o longo prazo das investigações, sem evolução, foi um dos motivos considerados para se revogar a prisão dos acusados. Além disso, a juíza também avaliou que os acusados são servidores públicos, têm residência fixa e se apresentaram espontaneamente para prestar esclarecimentos, colaborando com a Justiça.
A repercussão do caso e dos possíveis erros na investigação inicial acabou respingando na cúpula da Polícia Civil. O então delegado-geral, Marcus Vinicius Michelloto, foi substituído por Riad Braga Farhat, que comandava a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc). Desde o desaparecimento de Tayná, quatro delegados já assumiram as investigações. Atualmente, as diligências estão sob responsabilidade do delegado adjunto da Delegacia de Homicídios de Curitiba, Cristiano Quintas dos Santos.