22/08/2023
Cotidiano

Lua cheia, energia e muito axé marcam a I Festa de Iemanjá

imagem-13230

Guarapuava – A lua “rasgou” o céu iluminando a noite de segunda-feira (1º de fevereiro) no Quilombo Paiol de Telha, em Guarapuava. Á beira da fogueira, debaixo de um pé de imbuia centenário na casa do casal Carlinhos e Rosa “Diaia” Camargo Soares da Cruz, o Kundun Balê, pais, e pessoas da comunidade se reuniram para celebrar a protetora das águas salgadas, Iemanjá. O encontro reuniu acadêmicos da Unicentro e outras pessoas de Guarapuava que foram ao quilombo em busca de energia para enfrentar 2010.

Vestidos com roupas e/ou adereços nas cores azul e branca (também em homenagem a Oxalá, orixá que está regendo 2010) os integrantes do Kundun cantaram, dançaram e extravasaram o que estavam sentindo no momento. “Embora eu esteja muito bronzeada, estou me sentindo branca porque estou longe de tudo o que mais amo que é o Kundun e o Paiol de Telha”, disse emocionada a bailarina Michele Dandara Ribeiro.

Para cumprir estágio ela, que é acadêmica de educação física, passa a semana na cidade. “Só eu sei o que este momento está significando pra mim e para minha irmã. Nós ficamos um ano longe do Kundun”, disse, em lágrimas, a também bailarina Ana Flavio “Oloxum” Viana.

“No final do ano eu decidi que deixaria o Kundun. Bem que tentei, mas não consegui. Os toques dos tambores falam mais alto e existe uma coisa aqui dentro que fala mais alto e eu continuo sendo Kundun, mais do que nunca”, falou o percussionista William “Quilu” Ribeiro.

Para a mãe de Viviane Odara, Keli Dinlê, William Quuli e Anderson Okan, Rosa Salestino, a energia da noite estava tão boa que ela se programou para voltar para casa à meia-noite. “Já é madrugada e a energia está tão leve que ainda estou aqui. Nem vi o tempo passar”, comentou.

A geóloga Edilaine Daniele dos Santos de Freitas afirmou que a Festa de Iemanjá foi “bastante forte” e disse que partilhou dessa energia com o restante da comunidade. “A natu-ralidade com que as pessoas se relacionam me contagiou”, afirmou. Edilaine disse que desde o momento em que a festa começou ela passou a se sentir em paz consigo mesma. “No ano passado eu me sentia perdida, ao contrário deste ano. Com esta maravilhosa festa eu me senti em paz comigo mesma.

Edilaine está se formando em arte-terapia (pós graduação) e disse que no Paiol de Telha a arte-terapia é visível. “Há muita troca de energia entre as pessoas e isso é uma manifestação de arte. As pessoas que aqui vivem, o Kundun, transmitem boas energias. O ambiente só completa o que o povo tem de bonito”, afirmou.

A partilha, mais uma vez, marcou a festa do Kundun. Cada pessoa que compareceu preparou um prato de comida à base de frutas, legumes, saladas e verduras, chás e sucos naturais. Na manhã do dia 2, Dia de Iemanjá, um banho na cachoeira deu continuidade à festa que durou até o final da tarde.

Foto: arquivo

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.