Ao lembrar os 30 dias de prisão política de Lula, completados ontem, segunda feira (7), a senadora Gleisi Hoffmann (PT) aproveitou para cobrar do Judiciário as provas que serviram de base para a condenação do ex-presidente, além de assegurar que o ex-presidente será candidato à reeleição.
“Pergunto aqui para o juiz Sérgio Moro e para o TRF4: cadê a prova para condenar Lula? Só existem provas da sua inocência. Aliás, só foram oferecidas provas que dão conta da sua inocência, portanto ele deveria ser absolvido, porque o objeto do crime, que seria o recebimento de um apartamento, não foi comprovado. O Presidente Lula não tem a posse, não tem a propriedade, nunca usufruiu daquele apartamento.”
Além de afirmar que não existem provas, ela criticou o andamento do processo, que tem sido questionado por juristas renomados do Brasil e do mundo.
“Ele foi condenado num processo sem crime tipificado; num processo de muita pressa, que foi contrário a todos os outros tempos de processos já julgados por um juiz singular em Curitiba, da Vara Federal, assim como pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região”.
Ela reafirmou que o PT lançará o ex-presidente como candidato do partido nas eleições presidenciais de 2018 e que é mentira que Lula não possa se candidatar. Gleisi argumentou que a Constituição prevê a suspensão dos direitos políticos de qualquer pessoa apenas após o trânsito em julgado da decisão penal condenatória, o que não seria o caso do ex-presidente Lula. Além disso, explicou ela, a Lei da Ficha Limpa não impede que o ex-presidente participe do processo eleitoral, ainda que sub judice, enquanto houver possibilidade de recursos plausíveis para instâncias superiores.
“As pessoas estão tentando dizer que Lula não pode ser candidato. É mentira! Lula pode ser candidato, porque a Constituição diz que os direitos políticos de uma pessoa só são suspensos se ela for condenada na última instância do Judiciário, que é o Supremo Tribunal Federal. Então, o PT pode registrar o Lula como candidato. Mesmo que ele esteja preso? Sim, é um direito constitucional”, explicou.
Ao lembrar o legado do presidente Lula e o que ele representa para o Brasil, Gleisi reafirmou que o partido será intransigente na sua defesa porque ela simboliza as conquistas do povo brasileiro. “Não é a luta de uma pessoa apenas. Nós sabemos que Lula na Presidência deste País é quem pode consertar os rumos desta Nação, quem pode pacificar o Brasil, porque já conhece o País, já fez, já pacificou, já entregou um legado ao povo brasileiro.”
Para a senadora, o real motivo para a condenação de Lula é afastá-lo do processo eleitoral de 2018 já que o ex-presidente é o favorito no pleito e tem o dobro das intenções de voto nas pesquisas eleitorais que qualquer outro candidato. “Por mais que a grande mídia, aquela que ajudou na operação do golpe, queira colocá-lo na invisibilidade, queira naturalizar a prisão dele, não consegue, porque Lula continua presente na vida nacional. É impossível um líder do tamanho de Lula, que não cabe naquela prisão, ser esquecido pela população do Brasil e pelo povo brasileiro.”
Ao receber a visita do teólogo Leonardo Boff hoje, o próprio Lula confirmou que continua candidatíssimo à Presidência da República. “Ele disse que vai governar para os mais pobres, para que eles saiam da exclusão e que agora devem pertencer ao Brasil”, afirmou Boff.
Veja a íntegra do pronunciamento.