22/08/2023
Política

Luta contra taxa do lixo continua em pé. Agora MP cobra Prefeitura

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Guarapuava – A promotora Bianca Nascimento Malachine aguarda para esta semana as informações sobre o aumento da taxa da coleta do lixo em Guarapuava.
O documento solicitando informações ao prefeito Fernando Ribas Carli foi encaminhado há mais de 30 dias. Embora, Carli tivesse 10 dias para se manifestar a ordem do MP foi ignorada. Novo oficio solicitando as informações foi encaminhado ao prefeito e mais 10 dias de prazo foram dados. O tempo do prefeito nessa questão está acabando e caso não haja nenhuma manifestação oficial o Ministério Público deverá autuá-lo por desobediência, segundo informou a promotora.

A população, entretanto, não aceita o aumento calada. Presidentes de associações de moradores estão mobilizados e nesta quarta-feira (17) uma nova reunião acontecerá. A pauta vai tratar de uma nova manifestação e uma ação a ser ajuizada no Ministério Público. O encontro será às 19h30min na Colônia Vitória em Entre Rios, O local ainda não está definido.

A taxa da coleta do lixo sofre um aumento de até 750% neste início de 2010. Desvinculado da cobrança da água, o tributo passou a ser cobrado junto com o carnê do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), provocando o aumento que vem sendo considerado abusivo pela população.
“Eu não vou pagar este valor. Isto aqui é um absurdo”, disse a dona de casa, Maria de Lourdes Silveira, que mora no Bairro Santa Cruz. Ela conta que passa a maior parte do tempo no sítio e que vem para a casa na cidade apenas duas vezes por mês. “Estão me cobrando R$ 238,90 por um lixo que quase não produzo”, reclama.
A taxa da coleta do lixo passou a ser calculada de acordo com a área construída das residências, provocando a diferença. “Tem um bar aqui na esquina que fica aberto dia e noite e o dono vai pegar menos que eu que nem paro em casa. Trabalho o dia todo e só venho depois da faculdade”, reclama a acadêmica Débora Amaral.
A revolta da população se agravou porque logo em seguida ao aumento da taxa da coleta do lixo, cartões de final de ano foram entregues nas casas assinado pelo B, o filho caçula do prefeito Fernando Ribas Carli, que faz “teste-drive” para uma possível candidatura a deputado estadual nas eleições deste ano.
Erro de estratégia. A população passou a associar os gastos com o cartão com o aumento no carnê do IPTU.
“Pensam que o povo é bobo. Ainda tem gente recebendo o cartão do filho do prefeito. Enquanto fazem isso, querem que a gente pague as contas, mas eu não vou pagar nada”, afirma Eleozi Klipp, que mora no núcleo Tancredo Neves.
Mobilizados os contribuintes foram às ruas numa manifestação organizada pelo Movimento das Mulheres do PT, Sindicato dos Servidores Públicos e Professores Municipais, Sindicato dos Bancários, Pastoral Operária, entre outras entidades, na Praça Cleve. Uma passeata até o Ministério Público marcou a entrega do abaixo-assinado à promotora Biancha Malachine.

Na rua, o povo continuou prostestando. Com os carnês do IPTU e da água em mãos  os manifestantes, a maioria, pessoas simples, comparava os valores.
Adão Ivo Lemes, que mora no Bairro Boqueirão, pagava R$ 3,94 e hoje esse valor saltou para R$ 124,76. "Isso é um roubo. Não vou pagar nada e quero saber onde está o homem do chapéu que diz representar o nosso bairro e que depois que se elegeu não pôs mais os pés lá porque sabe as besteiras que anda fazendo," afirmou referindo-se ao vereador João Napoleão (PSDB).
‘’ Nós estamos indo no Procon, mas não adianta nada”, diz.
O coordenador do Procon, Paulo Lima, indicado pelo prefeito para o cargo, já avisou publicamente que não adianta ir até o órgão para reclamar que nada poderá ser feito. O Procurador do Município, Luciano Alves Batista também já disse à Rede Sul de Notícias
que nada será feito neste ano para rever o caso. "Os carnês já foram distribuídos”, justifica. “Quando a taxa da coleta do lixo era paga no talão da água o cálculo era feito pelo metro cúbico de água gasta. Com a alteração para o carnê do IPTU passamos a ter como parâmetro o metro construído das residências. Foi o meio-termo que encontramos”, afirmou. Segundo procurador, a Prefeitura vai enfrentar a inadimplência dos contribuintes e a arrecadação não dará para cobrir as despesas dessa prestação de serviços.
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Cristina Esteche

Jornalista

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