22/08/2023
Saúde

Luta pelo curso de Medicina na Unicentro dará mais um passo nos próximos dias

A Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste) estará convidando nos próximos dias os representantes da sociedade civil organizada, instituições e políticos para um debate e a formação de uma comissão que vai estudar a criação de um Hospital Universitário no município.

 

De acordo com o pré-reitor de Planejamento da Universidade, Silvano Simões Rocha, a Instituição pretende colaborar com a idéia, subsidiando as instituições e as lideranças políticas de Guarapuava e da região, para que se crie um hospital escola ou universitário, o que dará condições da aprovação do curso de medicina na Unicentro.
“Temos os cursos de Enfermagem, Psicologia, Farmácia, Fonoaudiologia, Fisioterapia e com mais o curso de Medicina, teríamos perto de 200 alunos fazendo estágios com orientação de professores (mestres e doutores) e residência médica”, diz o pró-reitor.

 

Para se ter uma idéia, o Brasil tem hoje 371.788 médicos em atividades, dos quais 57 mil estão na Região Sul, segundo os dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 30 de novembro de 2011. No Paraná, 49% dos médicos ( dos cerca de 18 mil profissionais) estão concentrados na capital Curitiba, restando os 51% distribuídos nos 398 Municípios. Esse índice mostra porque existe a dificuldade para que municípios do interior contratem médicos.

 

A importância para a região, o vazio que existe, a necessidade da mão do Estado para minorar as carências no âmbito da saúde (que é um direito constitucional) é mais do que evidente. 

O Governo do Estado possui 20 casas hospitalares mantidas no Paraná, destas a metade são Hospitais Regionais, embora a atual política estadual na área da saúde descarte a possibilidade de abertura de novas unidades e priorize investimentos em unidades filantrópicas, como é o caso do São Vicente em Guarapuava.

Porém, dos 6 hospitais existentes em Guarapuava, apenas dois estão em atividade para suportar um universo de 500 mil habitantes que vivem em 22 municípios da região e que tem Guarapuava como referência no setor de saúde.

“A média de leitos no Brasil é a relação de 2,3 leitos a cada 1.000 habitantes, que em se aplicando esta média, Guarapuava atendendo os 22 municípios circunvizinhos ultrapassa a população de 500 mil/habitantes. Então, precisaríamos de pelo menos 1.100 leitos, sendo que temos 380, ou seja verificamos uma carência de 700 leitos”, observa o pró-reitor da Unicentro.

A recomendação do Ministério da Saúde é de que seriam necessários entre 2,5 e 3 leitos para cada 1.000 habitantes para que houvesse atendimento satisfatório aos pacientes, o que elevaria em muito o número necessário de leitos.

“O que está ocorrendo no Brasil, a exemplo de outras atividades, é a chamada concentração econômica, um fenômeno que atinge também os hospitais privados (em que grupos administrados por fundos de investimentos compram as empresa e, portanto, ficam poucos no mercado). Sabemos também que a tabela SUS está aquém do valores que as casas hospitalares gostariam de receber, , que sequer cobre em média 60% do custo dos procedimentos, gerando um descredenciamento do setor. Em função disso, muitas instituições limitam as vagas para esse atendimento, e por isso, muitas estão fechando suas portas”, afirma o professor Silvano. Ele lembra que atualmente existem 6.698 hospitais no Brasil, destes 21% são municipais, 8% são estaduais, 1% Federal e 70% privados.

No encontro que está sendo organizado pela Unicentro, para que o projeto encampado pela Instituição seja viabilizado todas as possibilidades serão colocadas a mesa, como exemplo, a construção de uma estrutura no CEDETEG, a utilização de estrutura já existente, a doação de uma área por parte do Município.

“Um dos modelos que pensamos é o do Hospital Regional Universitário de Londrina, com todos os leitos SUS, com a gestão da Universidade e orçamento próprio”, antecipa à RSN.

Cristina Esteche

Jornalista

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