22/08/2023
Agronegócio

Melhem diz que Carli errou ao prorrogar cessão de comodato do Lacerda Werneck

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“Sinto muito em estar aqui com a finalidade para o qual fomos convidados. Nos sentimos muito ofendidos pelo vereador Elcio Melhem que nos chamou de irresponsáveis, de mão grande. Me sinto envergonhado em estar aqui dessa forma”. O desabafo foi feito pelo presidente da Sociedade Rural de Guarapuava, Johann Zuber Junior ao iniciar o seu pronunciamento na tribuna na sessão desta segunda-feira, dia 23. Zuber foi convidado a esclarecer a situação em que se encontra o Parque de Exposiçoes Lacerda Werneck, se as cláusulas contratuais foram cumpridas. O comodato venceu nesse ano e o prefeito Fernando Ribas Carli prorrogou o convenio até dezembro de 2012, repassando o problema para o próximo prefeito.

 

O líder da própria Bancada Carlista na Câmara questiona a ilegalidade dessa prorrogação uma vez que nenhum pedido de autorização foi encaminhado à Câmara. “Eu acho que o prefeito errou e já falei isso a ele”, disse Melhem à RSN. “No meu entendimento a Câmara deve dar ou não a autorização, independente do tempo em que essa cessão de comodato será válida”, disse o vereador que é também advogado.

 

De posse de documentos e com o apoio de lideranças empresariais do comércio, rural, e de entidades parceiras da Sociedade Rural na Expogua (Exposição Feira Agropecuária e Industrial de Guarapuava), Zuber ocupou a tribuna da Câmara na sessão dessa segunda-feira, 23. Emocionado, contestou as declarações de Melhem e assegura que as exigências foram cumpridas. Lembrou que essa não foi a primeira vez que Melhem tenta prejudicar a Expogua. A primeira foi em 1967 quando o vereador propagou que Guarapuava tinha sido acometida pela doença da “vaca louca”, já no inicio da Expogua. “Graças a Deus a União Europeia não ouviu isso, mas tivemos problemas por causa dessa notícia que não era verdadeira. Um animal tinha ferpas na língua, adoeceu e morreu dentro do Parque”, explica Zuber.

 

Garantindo que a Sociedade Rural cumpriu as cláusulas contratuais previstas no comodato, Zuber diz que foram construídos 1.380 metros quadrados de barracões quando o exigido eram mil metros quadrados; mangueiras e centro de manejo também foram construídos.

 

A área do estacionamento que é administrada pelos grupos de escoteiros e que pautou grande parte da polêmica foi cedida pelo Estado ao Município com a finalidade exclusiva de ser utilizada como estacionamento específico do Parque de Exposições. Melhem contesta e refere-se a uma emenda apresentada pelo vereador Silvio Bernarde em dezembro de 1999 onde diz que o Parque está compreendido entre a Rua Berlim e a Rua Domingos Marcondes, portanto, o estacionamento da Expogua não está incluído.

 

O vereador anunciou que duas ações serão ajuizadas pelo Ministério Público por causa do comodato e da situação do Parque.

 

PAGANDO CONTAS
O Parque de Exposições Lacerda Werneck está sob a responsabilidade da Sociedade Rural desde 1997, a partir de proposta feita pelo ex-prefeito Vitor Hugo Burko. Desde que assumiu o Parque a Sociedade Rural banca as despesas de manutenção. “Quando assumimos havia 18 ligações clandestinas de água e outras de luz. Antes quem pagava a conta era a Prefeitura”, disse Johann Zuber Junior. A partir de então os cofres públicos municipais economizam cerca de R$ 10 mil por mês, o que soma R$ 120 mil no ano.

 

Outros R$ 400 mil foram investidos pela entidade em pavimentação asfáltica no interior do Parque, construção de mangueiras e de barracão; a rede de energia elétrica foi refeita.

 

O Lacerda Werneck sedia feiras de bezerros, a Expogua e outros eventos afins. Na Expogua há parcerias com a ACIG (Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava), grupos de escoteiros, APAE e outras entidades assistenciais. O local sedia núcleos de charolês, cavalo crioulo, Ovinopar.
“Somente na Expogua geramos 500 empregos diretos e indiretos; movimentamos restaurantes e a rede hoteleira. A Exposição feira é o evento mais completo que existe, pois há negócios, entretenimento, esporte, lazer”, observa Zuber.

 

CENTRO DE EVENTOS
Há anos reivindicando uma nova área para construir um Centro de Eventos que também abrigaria a Expogua, a Sociedade Rural anualmente “patrocina” uma outra polêmica. Moradores do entorno reclamam do cheiro dos animais, da poluição sonora, da falta de segurança e das moscas oriundas das mangueiras durante a Exposição Feira.

“Eu moro na fazendo a 30 metros dos mangueirões e nunca comi mosca pensando que fosse feijão. Também nunca me incomodei com o cheiro do esterco. Esse mesmo esterco que as pessoas dizem não suportar o cheiro serve como adubo orgânico para os produtos que são levados à mesa das famílias”, afirmou Zuber. Ele disse que as mangueiras onde os animais ficam expostos passam por limpeza duas vezes por dia em época da Expogua.

Cristina Esteche

Jornalista

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