Da Redação
Guarapuava – O senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque (PPS), defendeu em Guarapuava a federalização do ensino e disse que a educação tem que começar desde a primeira infância. "É nesse período que a criança recebe os estímulos necessários para o seu desenvolvimento", observou.
O ex-ministro ressalta que muitos dos estudantes não conseguem terminar o curso e se formar porque carregam deficiências do ensino básico. "Essas falhas precisam ser corrigidas," advertiu.
“Não se consegue fazer com que aumente radicalmente o número de alunos que se formam, e nem mesmo que se formem com muita qualidade. Por que? Porque eles entram com deficiência e porque não temos o horário integral. E sem ficar seis horas na escola, as crianças não aprendem o que é necessário no mundo moderno. Além disso, no mundo de hoje, a escola é tanto para ensinar quanto para tirar da rua”.
Cristovam Buarque esteve em Guarapuava na noite de ontem, quarta feira (14) durante a entrega do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) no Núcleo Airton Senna. A exemplo das demais unidades, o Cmei atenderá 120 crianças entre seis meses e quatro anos de idade, das 7h30 às 18h, já a partir de segunda feira (19) (LEIA AQUI).
"QUALIDADE PÉSSIMA"
A qualidade do ensino no Brasil é considerada “péssima” pelo ex-ministro da Educação.
“Quando a gente compara que tipo de ensino é necessário para o mundo de hoje só podemos dizer que a qualidade é péssima. Alguns dizem que melhorou, mas foi menos do que é preciso porque as necessidades são muito maiores que anos atrás”.
Cristovam Buarque embasa a sua afirmação observando que anteriormente uma pessoa analfabeta podia trabalhar em restaurantes, por exemplo.
“Hoje, essa função exige o domínio de mais de um idioma”.
Alia-se à exigência de qualificação o aumento da desigualdade social no país, como contraponto.
“Essa desigualdade está aumentando. E na educação nós vivemos uma calamidade pública”.
Para o ex-ministro essa situação tem jeito, porém, não será rápido. “Não vamos resolver as coisas só pelos municípios. No Paraná, tem municípios que possuem recursos e os prefeitos querem fazer, mas em outros não existe essa vontade política ou não há recursos. Por isso, a educação tem que ser federalizada”.
Para Buarque essa é também uma questão econômica. “Deixar a escola nas mãos dos municípios e Estados tem provocado o imenso desperdício de dezenas de milhões de cérebros que ficam sem a educação necessária para colocar o Brasil no centro da revolução científica e tecnológica do presente”.
De acordo com o ex-ministro da Educação, a única forma de assegurar essa igualdade de oportunidade é por meio de escolas públicas de qualidade em todo o território nacional, e isso não será possível deixando a escola nas mãos de municípios que, além de pobres, são muito desiguais entre si.
Para ele, é preciso assegurar escola com a máxima qualidade, igualmente, a qualquer criança brasileira, independentemente da família em que tenha nascido e da cidade onde vive ou da vontade do prefeito.
“Só colocando as escolas nas mãos do Governo Federal será possível garantir essa igualdade em todo o território brasileiro”.
Escute a entrevista na íntegra: