A multa paga pelos importadores do setor de fertilizantes por descumprimento de prazos de contrato (demurrage) caiu 23% nos portos paranaenses em 2013. Um estudo feito pelo Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado do Paraná (Sindiadubos) mostrou que o setor pagou cerca de US$ 26 milhões a menos em multas.
“A importação de fertilizantes em 2013 foi 5% superior à registrada em 2012 e, ainda assim, conseguimos agilizar os processos de descarga, desburocratizar o sistema e obter ganhos operacionais. Nosso objetivo é seguir a orientação do governador Beto Richa de atender as demandas do setor agrícola. Com a queda no pagamento de multas, o fertilizante chega ao produtor mais barato”, explica o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, (Appa), Luiz Henrique Dividino.
A Appa fez um diagnóstico de todo o sistema de descarga de fertilizantes para descobrir onde estavam os principais gargalos, que consumiam tempo e tornavam as operações mais demoradas. Uma das mudanças adotadas foi a modernização sistema de conferência das cargas de fertilizantes. Foram retiradas as inserções manuais de dados no sistema, que geravam erros por dificuldade de leitura.
“Com os atrasos que temos observado nas concessões portuárias por parte do governo federal, estamos investindo na melhora da estrutura atual, até que as novas concessões saiam do papel. São melhorias logísticas, no âmbito daquilo que nos compete, e que estão resultando em efeitos práticos. Faremos o possível para atender a indústria e o produtor agrícola”, afirma o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho.
MELHORIAS
A Appa instalou cinco escritórios, montados em contêineres, na faixa do cais, que são utilizados pelos conferentes das cargas. Todos os navios de fertilizantes que chegam ao porto têm suas cargas loteadas para diferentes destinos. É trabalho do conferente – categoria portuária sindicalizada e estabelecida em Paranaguá – verificar o destino do lote, informar isso no sistema e encaminhar o caminhão para a balança.
Antes, esta ação era toda manual. Agora, com a integração e informatização do sistema, a transferência de dados é eletrônica e, ao chegar à balança, o caminhão passa apenas pela aferição do peso, sem riscos de envio do lote para o destino errado em função de dificuldade de leitura do canhoto, que antes era manual.
O principal ganho, além da agilidade, é que os terminais podem emitir as notas fiscais eletrônicas de cada caminhão, antes mesmo do veículo chegar ao destino. Por outro lado, na retaguarda, há um esforço conjunto dos operadores de fertilizantes para otimizar os espaços para recebimento do produto, muitas vezes aumentando o turno de trabalho para conseguir atender a demanda e reduzir o tempo de atendimento.
Além da informatização, outras medidas contribuíram para a queda no tempo de espera dos navios e para a melhoria na produtividade da importação dos fertilizantes. Em 2013, a Appa inaugurou o Terminal de Fertilizantes, interligado por correias transportadoras, que além de acelerar as operações, diminui a quantidade de caminhões na área primária do cais, aumentando a segurança em todo o processo. Além disso, o número de balanças nos acessos ao cais comercial está sendo duplicado, o que permite que o recebimento de cargas fique duas vezes mais ágil.
Entre as melhorias implantadas no setor pela iniciativa privada está a ativação de um segundo guindaste no terminal da Ponta do Felix, no Porto de Antonina, que dobrou a capacidade de movimentação, e a aquisição também de um novo equipamento pelo o terminal especializado no recebimento de fertilizantes, em Paranaguá, a Fospar.
SINDICATO
Para o presidente do Sindiadubos, José Carlos de Godoi, muitos problemas da demora na descarga estavam fora do domínio do porto. “A Appa fez um importante trabalho de mapear os gargalos. Assim ficou fácil visualizar onde estavam os problemas e atuar pontualmente. Fizemos um esforço conjunto e o resultado foi esta queda expressiva na demurrage. Para 2014, a nossa expectativa é que ela caia ainda mais, já que ainda há ajustes a serem feitos’, explica.
Segundo Godoi, a queda nas multas refletiu diretamente nos preços dos produtos agrícolas. “Todo o custo da operação é repassado para o preço do produto. Quando conseguimos reduzir estes custos, automaticamente gera-se uma melhora na competitividade do produto agrícola”, afirmo Godoi.