As 70 famílias de pequenos agricultores da Cooperativa de Produção e Comercialização dos Agricultores Familiares de Ibaiti (Coompetir) comemoram os investimentos que o Governo do Paraná tem feito na agricultura familiar. Quase toda a produção de frutas, legumes, verduras e hortaliças está sendo comprada para reforçar a merenda dos alunos que estudam nas escolas estaduais de Ibaiti, Jaboti, Conselheiro Mairinck, Pinhalão, Japira, Figueira e Siqueira Campos.
Em 2013, a cooperativa recebeu R$ 12 mil para atender a merenda escolar da região. Para 2014, a estimativa é que a Secretaria de Estado da Educação repasse R$ 340 mil para que 44 escolas em 10 cidades recebam os produtos dos pequenos agricultores. “O produtor tem uma garantia. O que ele plantar e colher vai ter comércio, por um preço estabelecido. Com essa garantia de renda, ele pode se programar, fazer investimentos”, disse o presidente da Coompetir, Joel Garcia. Ele já tinha pensado em abandonar o sítio, mas permaneceu no campo por conta do programa.
O aumento da renda permite que o agricultor tenha tranquilidade para trabalhar. “O dinheiro dá muita tranquilidade porque sabemos que o que for produzido vai vender. A gente não tem que se preocupar com a venda, mas se dedicar à produção”, contou o agricultor Airton Frata, que empregou na sua lavoura um parente que voltou a Ibaiti. Frata produz vagem, cenoura, beterraba e abobrinha na sua propriedade de 7,2 hectares na Bela Vista, em Ibaiti. Um terço da sua produção é destinada para a merenda escolar. Os outros dois terços são para abastecer mercados em São Paulo e para a feira livre.
O programa também contribuiu para que o pequeno agricultor diversificasse a sua produção. “Foi muito bem pensado esse programa, que é muito bem-vindo para todos os produtores e deve continuar porque muitos produtores hoje já direcionam sua produção para a merenda escolar, plantando uma fruta, um legume diferente, já pensando nesse caminho”, ressaltou Jorge Bataer, que tem uma propriedade de cinco alqueires no Distrito Amorinha, a 13 quilômetros do Centro de Ibaiti. Ele entrega principalmente bananas para as escolas.
NA ESCOLA
A cada semana são entregues pela cooperativa para as escolas cerca de 2,2 mil quilos de frutas; 1,3 mil quilos de legumes e cerca de 570 verduras e hortaliças. O Colégio Estadual Aldo Dallago, em Ibaiti, está entre eles. As merendeiras já sabem a data da entrega e se planejam para utilizar os produtos na preparação das refeições.
Elas também incentivam o consumo dos alimentos vindos diretos das hortas e lavouras das pequenas propriedades. “Cozinhamos com carinho e aos poucos vamos conquistando os alunos para que comam de tudo um pouco. Eles experimentam e gostam”, disse Rosa Torres, que prepara a merenda para cerca de 700 alunos.
Os alunos também aprovaram os produtos mais frescos na hora do intervalo. “Realmente é muito importante ter um alimento mais fresco, faz bem para a nossa saúde. Sempre é bom ter essa alimentação”, disse a aluna do 1º ano de formação de docentes, Kelly Pacernik.
INVESTIMENTO
Em 2014, o Governo do Estado ampliou para R$ 46 milhões os recursos para a compra de alimentos para a merenda escolar de 1,5 milhão de alunos. Em 2010 foram destinados R$ 3 milhões, valor que saltou para R$ 32 milhões em 2013. O Paraná se tornou referência para todo o país nessa área. É o único estado do Brasil que cumpre a meta de comprar 30% da alimentação escolar da agricultura familiar.
Atualmente, quase metade dos alimentos que chegam para os alunos vem da agricultura familiar. Em 2011, foram adquiridas nove toneladas de alimentos orgânicos. Hoje, são mais de 2,5 mil toneladas de alimentos da agricultura orgânica no Paraná, incluindo as escolas de educação especial, entre elas as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes).
Toda a semana os agricultores familiares entregam nas escolas frutas, sucos, hortaliças, leite, panificados, produtos de origem animal e os minimamente processados, como mel, doces, geleias, arroz, feijão, canjica, fubá, macarrão, molho de tomate, entre diversos outros itens. A aquisição desses produtos respeita também a vocação agrícola de cada região.