22/08/2023
Cotidiano

Moradores de Entre Rios protestam contra prefeitura de Guarapuava

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O último sábado, dia 29 de agosto de 2009, foi marcado por protesto no distrito de Entre Rios, a 14 quilômetros da cidade de Guarapuava. Moradores descendentes de Suábios do Danúbio, que vivem na região desde o final dos anos quarenta, dizem não suportarem mais o desleixo por parte da administração de Guarapuava.
Formado por cinco colônias, Entre Rios abriga uma das maiores cooperativas do país, a cooperativa Agrária. Além de outros produtos acabados, como farinha de trigo, por exemplo, a cooperativa industrializa e fornece malte para cervejarias de todo o Brasil e é responsável por cerca de 40% dos impostos gerados no município. Além disso, a cooperativa emprega milhares de pessoas direta e indiretamente.
Já no trevo de acesso ao distrito, notam-se verdadeiras crateras nas ruas, que contrasta bastante com o cuidado que os moradores têm com suas propriedades, quase todas as casas são em estilo colonial ou germânico.
No último sábado, placas e bonecos de protestos foram espalhados por vários lugares do distrito com o intuito de chamar a atenção do governo municipal para o problema, uma vez que, de acordo com os moradores, a campanha para a reeleição do atual prefeito Fernando Ribas Carli, foi baseada em promessas de melhorias para aquela região. “Nós só queremos que se cumpra a lei. Não queremos nada além disso. Uma comunidade do porte de Entre Rios não pode ficar abandonada como está. Somos responsáveis pela geração de milhões em impostos para Guarapuava e isso precisa ser olhado pela administração”, disse o presidente da Associação de Moradores para o Desenvolvimento de Entre Rios (ACENDER), Márcio de Sequeira. Para o conselheiro fiscal da ACENDER, Peter Weckl, os protestos irão continuar até que uma providência seja tomada, uma vez que com conversas amigáveis, até agora, nada se resolveu. “Há muito que estamos reclamando, mas nada foi feito até agora. Não queremos tapa buracos, queremos asfaltos e melhorias para nosso distrito. O asfalto que existe aqui foi construído em 1991. A prefeitura não tem feito nem a manutenção das ruas, quem faz isso, é a cooperativa. Nós não suportamos mais”, reclamou Peter.
Além do protesto contra as ruas esburacadas, os moradores também reclamam da falta de saneamento básico na região. A rede de esgoto é restrita a uns poucos moradores da Colônia Vitória e estes afirmam que o mesmo não funciona corretamente. Gerhard Temari destaca que não é justo que as pessoas não tenham direito a coisas básicas como o esgoto, por exemplo. “As pessoas não conseguem mais construir fossas aqui em Entre Rios. Estamos comprometendo as vertentes de água que existem por aqui e nada podemos fazer. Quando a Sanepar assumiu o saneamento aqui em Entre Rios , que era comandado pela cooperativa, a promessa era de que tudo seria resolvido. Agora, o governo do Estado diz que depende do município para a realização do projeto. Mas o município nada faz. Estamos abandonados”, reclamou.
Em visita a uma estação de tratamento de esgoto do distrito, o que se ouviu dos moradores foram reclamações em relação ao mau cheiro. Crianças do bairro onde está situada a estação de tratamento de esgoto da Sanepar, reclamam de dores de cabeça, principalmente quando o dia esquenta. Uma mulher, mãe de dois filhos, que preferiu não se identificar, disse que quer se mudar do local onde mora. “Minha casa perdeu até o valor. Ninguém suporta o cheiro disso aqui. A gente não consegue comer nem dormir direito e nada podemos fazer. Ninguém aguenta mais promessas”, frisou.
Questionado por vários meios de comunicação sobre as obras no distrito de Entre Rios, o secretário de Serviços Urbanos de Guarapuava, Francisco Silvério, informou que a prefeitura já vem trabalhando na região. “A prefeitura de Guarapuava tem participação nas obras do asfalto até a Agromalte e, recentemente, revitalizou uma praça no distrito”, disse o secretário, que foi veementemente contestado pelos moradores. “Entre Rios é um ponto turístico da região e sequer um portal no trevo indicando isso nós temos. Os asfaltos daqui têm mais de vinte anos e a situação nossa é vergonhosa. Vamos continuar protestando até que a administração de Guarapuava tome uma providência. Temos os meios legais para isso, mas queremos acreditar que com diálogo resolveremos a situação. A emancipação do distrito, hoje, seria uma maneira de resolver esse assunto”, destacou Márcio de Sequeira.
Durante o período em que a reportagem da Folha esteve no local, não observou nenhuma equipe da prefeitura trabalhando na região. Os bonecos que foram colocados nos buracos das ruas chamaram a atenção das pessoas que paravam e fotografavam o que estavam acontecendo.

J. Santos (Texto)
Nicole Gutfreund (Fotos)

Cristina Esteche

Jornalista

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