22/08/2023
Cotidiano

Moradores do Jardim das Américas convivem diariamente com crimes ambientais

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Quando os dias de chuva se aproximam a situação dos moradores do bairro Jardim das Américas se torna mais difícil com o alagamento das casas provocados pela sujeira do rio Cascavelzinho. A comunidade convive diariamente com crimes ambientais praticados inclusive pelos próprios moradores.

Há mais de 35 anos Anadir Souza Ferreira, 66 anos,  reside no bairro e diz que atualmente a situação da sujeira às margens do Rio Cascavelzinho esta fugindo ao controle. “Temos muitos catadores de lixo que trabalham o dia todo coletando na cidade e trazem o que encontram para casa. O que não aproveitam, descartam aí próximo do rio. Isso prejudica todos nós no fim das contas e está ficando cada vez pior. Até a polícia ambiental e pessoal do Meio Ambiente já andaram por aí”.

No início do mês (dia 11) a Polícia Ambiental e fiscais da prefeitura de Guarapuava, realizaram uma operação próxima ao Rio Cascavelzinho, um dos principais da cidade, e encontraram diversas irregularidades às margens do córrego. De acordo com a Polícia Ambiental, muitas pessoas jogam lixo no rio. Além disso, algumas casas e terrenos estão localizados em áreas de preservação ambiental, o que é proibido por lei.

“Infelizmente a população joga lixo. Tudo o que causa o assoreamento e causa alagamentos nas casas. Isso está limitando a vazão do rio”, explicou o encarregado de obras da Companhia de Serviços de Urbanização de Guarapuava (Surg), Germano Flores.

A dona de casa Selma Pinheiro Correia, moradora do bairro há mais de  cinco anos  disse que já observou muitos moradores cometendo irregularidades. “As pessoas jogam muito lixo na água, que vai acumulando e alaga. Fora os entulhos. As pessoas jogam garrafas, roupas e coisas velhas. A estradinha estava até alargadinha no fim do ano e hoje tá deste jeito aí, cheia de sujeira e até um perigo se cortar com o lixo depositado no carreiro”.

Em meio a vegetação que passa pelo rio, há uma área de banhado de proteção ambiental que deveria ser preservada. Contudo, uma área aterrada com entulho e lixo, o que é proibido por lei, foi encontrada durante a operação da PA. “Quando você aterra, a terra vai para o fundo do rio, o nível da água sobe e invade as casas”, explica o agente fiscal ambiental, Sérgio de Oliveira.

De acordo com a Polícia Ambiental, um documento foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), e, posteriormente, as pessoas que estiverem cometendo os crimes ambientais devem ser chamadas para prestar depoimento.

Enquanto alguns moradores cometem irregularidades, outros tentam recuperar o rio e as margens. Há 10 anos, voluntários começaram uma campanha para socorrer o Cascavelzinho e a mata ao redor. Eles já realizaram mutirões para plantas árvores na região e, atualmente, onde só havia mato, já existe um pequeno bosque. “Nós fizemos uma campanha para juntas todos os lixos que encontramos no local. Nós recolhemos mais de duas toneladas de lixo. Também conscientizando as crianças na escola e na igreja, por exemplo”, disse o coordenador do projeto, Jair Golinhaki. Hoje o bosque é utilizado por muitos moradores para reunir os grupo de oração, diz a moradora Teresa Padilha que reside no bairro há mais de 26 anos.

Cristina Esteche

Jornalista

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