22/08/2023
Guarapuava

Nieckars foi o maior vencedor das eleições em termos de projeção

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Cristina Esteche com fotos de Aline Koslinski

Guarapuava – Ele pode ser encontrado no escritório da Rua Senador Pinheiro Machado, 1.764, Sala 01, no Centro de Guarapuava; na sala de aula como professor ou como mestrando em processo civil pela Unipar de Umuarama, mas a projeção veio mesmo durante a campanha no processo eleitoral de 2016, mesmo sem recursos para a campanha, sem ser convidado para o debate na Rede Globo, sem coligação, com apenas três candidatos a vereador e com o menor tempo na rádio e na televisão. Foi nesse período que o advogado João Nieckars ficou conhecido em Guarapuava pelas propostas firmes e objetivas e pelo desenvolvimento nas redes sociais. Dos três candidatos a prefeito, foi ele quem mais se projetou criando uma imagem política que agradou o eleitor de todas as idades.

João é guarapuavano, 34 anos, é filho de um pai de tradicional família da cidade e de mãe descendente de poloneses chegados ao Brasil no pós-guerra. Estudou no sistema público de ensino, no Colégio Manoel Ribas. Na faculdade, cursou economia na Unicentro e começou direito na Faculdade Guarapuava, curso terminado na capital, na UniCuritiba. É especialista em direito empresarial, em gestão de negócios, em processo civil e mestrando nesta mesma última área pela Unipar.

Morou em Curitiba até 2013, onde gerenciava um dos maiores escritórios de direito do estado, e retornou a Guarapuava em virtude do estado de saúde debilitado pela idade dos seus pais.

Atua como advogado em escritório próprio e também é professor universitário das disciplinas ligadas ao direito empresarial. Em 2016, foi candidato a prefeito pela Rede Sustentabilidade.

1. Em que momento o senhor decidiu ser candidato a prefeito de Guarapuava?

JOÃO NIECKARS – A bem da verdade a decisão não foi do candidato, apenas a concordância foi dele. Na Rede, o processo de escolha dos candidatos é extremamente democrático e, além do que, como somos uma sigla nova e temos em Guarapuava uma executiva ainda mais nova, não há no partido os tradicionais figurões que, via de regra, acabam se destacando e conseguindo a preferência nas chapas.

Nunca fui candidato e a Rede é meu primeiro partido. Eu sempre gostei de discutir política, provavelmente estimulado pelas faculdades de economia e direito, em que tratar de política é fundamental, mas nunca havia cogitado a possibilidade de uma candidatura, ainda mais diretamente em uma chapa majoritária. Entretanto, alguns dias antes da convenção meu nome figurou como a provável escolha e isso se consumou pouco tempo depois.

2. O mote da sua campanha já dava uma ideia de impulsionar a candidatura…

JOÃO NIECKARS – O próprio mote da campanha foi consequência de várias conversas que tive com os filiados e simpatizantes. Foi justamente ouvindo tantos amigos me dizendo “Vai, João” que eu me senti seguro e entendi que esta decisão significava não apenas uma simples candidatura, mas o lançamento de uma possibilidade de mudança pra Guarapuava – após décadas nossa cidade teve efetivamente uma candidatura independente e inovadora, desfilada das tradicionais forças políticas, já tão desgastadas.

3. Como o senhor encarou uma campanha sem coligação e recursos quase zero?

JOÃO NIECKARS – Realmente, nossa campanha foi extremamente franciscana! Na eleição, contávamos com 14 filiados à Rede Guarapuava, 21 segundos na TV, um orçamento de R$ 10 mil reais e uma chapa de vereadores de três candidatos, ou seja, foi o mínimo em todos os sentidos.

Por ser uma sigla nova, não tivemos acesso ao fundo partidário. De outro lado, fomos convidados a coligar pelos três outros partidos com candidato à prefeitura, entretanto, a decisão da convenção foi unânime no sentido de que a REDE não poderia apoiar nenhum daqueles nomes, pois, resumidamente, não seria possível defender uma nova política baseada em velhos políticos.

Não tínhamos dinheiro para papelaria, não tínhamos tempo para megaproduções na TV e não tínhamos material humano para campanha de rua. Decidimos, então, fazer uma campanha baseada nas redes sociais e com foco na divulgação dos ideais que carregamos no partido: sustentabilidade e transparência.

Usamos os poucos recursos de que dispúnhamos para, pelo horário de TV e rádio, instigar a população a acessar nossos canais no Facebook, Instagram e Twitter e, daí sim, a partir dessas redes, apresentar nossas propostas de forma plena.

A opção deu certo! Em um dos vídeos que postei criticando a posição de uma emissora de TV que não me permitiu participar do debate, por exemplo, tivemos mais de 40 mil visualizações, o que demonstra que a interação do eleitor com a nossa companha foi muito positiva.

4. O senhor teve uma boa performance. Esperava sair com saldo tão positivo?

JOÃO NIECKARS – Não imaginava que o resultado seria tão bom! Ainda hoje sou surpreendido, no dia a dia, com a ótima recepção dos eleitores às nossas propostas.

Veja, nossa maior intenção era realizar uma campanha propositiva e pacífica, diferente da agressividade que vimos nas ações de alguns outros candidatos, e com essa serenidade mostrar à população que existem alternativas na política Guarapuava e que não precisamos ficar eternamente baseados em algumas famílias que se instalaram no poder público e fizeram dele sua profissão.

Passados dois meses do pleito, eu ainda sou costumeiramente abordado e ouço elogios de como a campanha da REDE foi suave e atrativa, e isso me faz ter a certeza de que o resultado foi excepcional: conseguimos cativar a população, não com imagens bonitas na propaganda eleitoral, mas com ideias, e não há maior força do que uma ideia!

Eu sinto, pelo contato direto com as pessoas, que, em muito pouco tempo, mudanças significativas vão ocorrer na política de nossa cidade, e que a corrida eleitoral de 2016 foi decisiva para que isso possa acontecer.

5. E agora, quais são os planos dentro da política?

JOÃO NIECKARS – Olha, nunca tive a intenção egocêntrica de ser prefeito ou vereador ou de ocupar qualquer outro cargo que seja. Meu gosto pela política não se resume a cargos.

Eu tenho minha vida profissional muito bem firmada e em progresso e meu foco é no meu trabalho como advogado e professor.

Realmente não vejo política como profissão, de modo que não há planos delineados para as próximas eleições. Por outro lado, obviamente que a REDE despontará como uma grande sigla para o pleito majoritário de 2018, especialmente em virtude de a Marina [Silva] estar na dianteira das intenções de voto nas pesquisas para a presidência da república.

Se for a vontade do coletivo municipal que eu encabece uma chapa para deputado em 2018 ou novamente à prefeito em 2020, assim será, pois não fujo à luta por ter a convicção de que precisamos promover uma limpeza também na política local.

Obviamente que a experiência se acumula e com ela vem a vontade de protagonizar uma mudança positiva em nossa cidade, entretanto, a mim não importa se o próximo deputado ou prefeito de nossa cidade será o João, o Francisco, a Maria, ou quem quer que seja. O que importa é que a mudança política chegue a Guarapuava e que nós expurguemos a política profissional daqui.

6. Por que a Rede Sustentabilidade?

JOÃO NIECKARS – São muitas as razões que me fizeram escolher a Rede e que, dia a dia, me fazem fincar o pé ainda mais fortemente nela. Quando consideramos o cenário local, essa escolha tem ainda mais sentido, já que a Rede é o único partido efetivamente independente por aqui, ou seja, não está vinculado a nenhuma das famílias tradicionalmente mandatárias da política local. Somos um partido independente e não uma sigla de aluguel, portanto, fora da Rede, onde mais eu, como neófito da política, teria espaço para uma candidatura a prefeito?

Ao expandir perspectiva, vejo a Rede no Paraná como um partido horizontalizado, sem figurões da política, o que possibilita uma participação muito mais saudável dentro da estrutura do partido. Se olharmos nacionalmente, tenho ainda mais razões para acreditar na Rede: em pouco tempo de existência, trabalhamos mais pelo país do que muitos das antigas siglas.

A Rede tem pouco mais de um ano e nesse curto tempo encabeçou o pedido de cassação da chapa de Dilma e Temer no TSE, de impedimento dos presidentes da Câmara e do Senado no STF, entre outros pedidos. Não há nenhum ocupante de cargo eletivo pela Rede que esteja envolvido em nenhuma situação criminosa de caixa dois ou corrupção, tanto que o partido, dentre todos os 35 que existem no Brasil, foi um dos dois únicos (Rede e PSol) que não participaram da suja negociata realizada no congresso para tentar anistiar o caixa dois durante a votação das 10 medidas contra a corrupção.

Erguer a cabeça ao falar de um partido e da postura seus membros é uma raridade nos dias atuais, nós da Rede podemos fazer isso com altivez!

Cristina Esteche

Jornalista

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