22/08/2023


Geral

No Paraná, trabalhos em escolas ajudam na ressocialização de presos

O Colégio Estadual Professora Maria Aguiar Teixeira, no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, passará esta semana por reparos e serviços de manutenção e melhorias, como pinturas, roçada de mato e jardinagem. Os trabalhos serão feitos por presos do regime semiaberto da Colônia Penal Agroindustrial de Piraquara que participam do Programa Mãos Amigas, uma parceria entre as Secretarias de Estado da Educação e da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos.

O programa começou em 2012 em escolas de Pinhais e Colombo, Região Metropolitana de Curitiba, e os serviços eram feitos somente aos sábados, em sistema de mutirão. No ano passado os trabalhos passaram a ser feitos no dia a dia, junto com os alunos nas escolas. Em 2013 foram atendidas 20 escolas de Curitiba e região metropolitana. 

Para 2014 o número será estendido para 35 colégios atendidos na capital e região metropolitana. Também está em estudo a descentralização do programa, para que outras cidades do estado recebam os serviços do Mãos Amigas.

Para os detentos é uma oportunidade para voltar ao convívio em sociedade, além de ajudar na melhoria e conservação das escolas estaduais. Muitos deles, que participam do programa, têm filhos em idade escolar, que usam as escolas onde são realizados os trabalhos. 

“A gente também pensa nos nossos filhos quando deixamos uma escola bonita. Vemos o sorriso das crianças, a satisfação dos professores, zeladores e diretores. É gratificante para nós e estamos fazendo de tudo para que esse projeto seja uma semente que possa ser espalhado para o Brasil inteiro”, afirmou S.C.S, de 52 anos. Há sete meses ele participa do programa e já trabalhou em 20 escolas. 

O Colégio Maria Aguiar Teixeira tem 1.300 alunos e neste ano completa 55 anos. Desde o dia 20 (quinta-feira) os 16 presos realizaram serviços de pinturas, roçada no mato, pequenos reparos e limpeza no colégio. O diretor Alexandre Torrilhas conversou com os alunos para explicar o trabalho que eles iriam fazer na escola.

“Acho maravilhoso os detentos trabalharem. As crianças deles estão em idade escolar, frequentam colégios e também é gratificante para eles poderem contribuir de alguma forma com as escolas. Percebemos que os próprios presos dão muito valor ao programa. Eles mesmos ajudam a monitorar a ação de todos, para que não haja erros, não aconteçam falhas que acabem com o programa”, explicou Torrilhas. 

A estudante Isabele Camargo, de 18 anos, do 1.º ano do ensino médio, gostou de ver o trabalho que estava sendo realizado na escola na segunda-feira (24). “É sempre bom limpar a escola, cortar o mato. O ambiente fica melhor para estudarmos. Com esse trabalho a escola vai ficar bem melhor do que estava”, afirmou.

AVANÇOS

O coordenador do programa Mãos Amigas na Secretaria da Educação, Nabor Bettega Junior, afirmou que em dois anos houve vários avanços no programa. “Os detentos são escolhidos e treinados. Todos fazem curso e se adaptaram muito bem. Não tivemos nenhum problema nesses dois anos”, disse. Os Núcleos Regionais de Educação indicam as escolas que podem receber o programa. 

“As escolas também podem procurar o Departamento de Infraestrutura e Logística e fazer a solicitação. Nós fazemos uma verificação e, se for necessário, o quanto antes vamos realizar o trabalho nas escolas”, explicou Nabor Bettega. Participam do programa Mãos Amigas duas equipes de 8 presidiários do regime semiaberto.

Desde o início do programa foi notado uma melhora na convivência entre os presos. “A ressocialização que tentamos passar aqui, reinserir eles na sociedade, já está dando resultado. Eles gostam do programa, se adaptaram bem, estão se dedicando e empenhados em ajudar as escolas”, afirmou Aguinaldo Zastanni, agente penitenciário da Colônia Penal Agroindustrial de Piraquara, e um dos coordenadores do programa dentro da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos.

PROGRAMA

Em dois anos, o programa já atendeu 40 escolas em Curitiba e região metropolitana. A cada três dias trabalhados é reduzida em um dia a pena do detento. Os presos também recebem 75% do valor de um salário mínimo. O dinheiro é depositado em uma conta e quando o detento recebe a liberdade pode sacar o valor. 

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo