O Paraná já não é apenas base de gestão para Ratinho Junior (PSD). É o trampolim. E cada movimento do governador confirma que o foco está além das fronteiras do estado. Ou seja: o Palácio do Planalto em 2026.
Para isso, Ratinho Junior sabe que presidência se constrói com antecedência e cautela. E tem feito isso com método: começou dentro do próprio partido, com o aval do presidente nacional Gilberto Kassab. Depois, buscou canais no mercado financeiro, onde vendeu as credenciais de gestor que elevou o Paraná à 4ª economia do país. Também circulou por redações da imprensa nacional.
SOU RATINHO JUNIOR
Além disso, já colocou no ar um comercial de 2 minutos e 50 segundos. O vídeo, gravado no Pará, já circula nas redes sociais e foi postado na manhã desta quarta (18) no perfil pessoal de Ratinho Junior. O ‘filme’ o apresenta ao país como ‘Carlos Massa Ratinho Junior’. Trata-se de uma estratégia de marketing, resgatando, com intenção clara, a conexão popular do sobrenome paterno.
Ratinho Junior relembra a trajetória desde Jandaia do Sul até Curitiba, marcada por trabalho, estudos e empreendedorismo. Destaca a entrada na política como alternativa aos “mesmos sobrenomes” e promete renovação, citando sua eleição como deputado e, depois, governador do Paraná. Ele se apresenta ao Brasil.
MORO PODE ENTRAR NO JOGO?
Mas se a campanha presidencial começa em São Paulo e Brasília – e não vou falar aqui de Tarcísio – a viabilidade política passa, antes, por Curitiba. Para mirar o Planalto, Ratinho Junior precisa deixar um sucessor no Paraná. Alguém que mantenha o projeto político vivo, e que, de preferência, amplifique a projeção nacional dele.
E neste ponto, conversando com um político aqui em Guarapuava, percebi que Sérgio Moro (UB), pode aparecer como peça-chave numa estratégia futura. Pré-candidato ao governo do Paraná pela federação PP – UB, Moro pode entrar no jogo.
Sabe por que? O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça ainda carrega prestígio entre os eleitores antipetistas e da chamada nova direita. Apoiá-lo ao Palácio Iguaçu em 2026 seria um trunfo simbólico e midiático. Afinal, mostraria que Ratinho Junior tem influência e capacidade de articulação além das fronteiras estaduais. Moro seria, nesse jogo, o tributo de prestígio nacional, a peça mais vistosa no tabuleiro. Um cabo eleitoral pra Ratinho Junior chamar de seu.
QUEM PAGARIA A CONTA
Mas como nos ‘Jogos Vorazes’ – com licença Gilson Boschiero – , onde só um sobrevive, essa escolha cobraria sacrifícios. E os que pagariam a conta, neste caso, podem ser Guto Silva e Alexandre Curi. Nomes internos do grupo do governador que, legitimamente, sonham com a sucessão estadual.
Guto, aliado fiel, ex-chefe da Casa Civil, é discreto e eficiente. Embora ainda tenha dificuldade de se projetar como nome de massa. Já Curi, apesar de carregar o sobrenome do avô Aníbal Curi, icônico no Legislativo, trilhou o próprio caminho. Seu diferencial? A defesa da interiorização do poder.
Enquanto Curitiba concentra decisões e recursos, Curi atua nos bastidores e nos municípios. Dialoga diretamente com prefeitos e lideranças regionais. Em um estado ainda marcado pela centralização metropolitana, Curi representa descentralização e escuta. Tipo assim: algo que ecoa bem entre as lideranças locais.
TENSO E INEVITÁVEL
É um quadro tenso, mas, mas cá entre nós, inevitável. E nas minhas elucubrações de fim de tarde, se Ratinho Junior decidir lá na frente, bancar Moro, o capital nacional se fortalece, mas o grupo estadual se fragmenta. Afinal, como dizia o saudoso Nivaldo Kruger, a “política é a arte do impossível”. Se escolher um nome interno, como Curi, reforça a base e consolida a governabilidade local, mas perde fôlego na vitrine nacional.
BRASIL SEM BRIGAS IDEOLÓGICAS
E tudo isso acontece enquanto Ratinho grava comerciais que falam de “um Brasil sem brigas ideológicas”. Mas ele precisa equilibrar os acenos à direita bolsonarista com a cautela institucional. Sabe que vai precisar de Bolsonaro, ou ao menos da base dele, para sonhar alto. Mas também sabe que não pode herdar os conflitos ‘bolsonaristas’ com o Supremo ou os riscos jurídicos do passado.
JOGOS VORAZES
No fim das contas, Ratinho Jr. já deve estar jogando os jogos vorazes da política. Movimenta peças, mede lealdades e observa reações. O maior desafio, entretanto, não será apenas conquistar o país. Mas chegar a 2026 com um Paraná coeso e um sucessor alinhado, sem implosões internas. E como todo tributo que almeja o topo, ele precisa sobreviver à própria arena.
Leia outras notícias no Portal RSN.