22/08/2023
Cotidiano

O amor da mãe e do filho afastam jovem do uso do crack

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Lizi Dalenogari, da Redação

Elza de Lima, de 55 anos, é uma mãe emotiva, guerreira que hoje se emociona ao contar a história da filha, ex-usuária de crack. Só ela sabe as noites em claro que passou, o medo constante de perder a filha para um vício que tem destruído milhares de famílias pelo país afora. Só ela sabe em quantas portas bateu, quantos não’s recebeu. Só ela sabe da sua dor. 

A filha chegou em um estado tão degradável que acorrentá-la em casa foi a única opção que a mãe encontrou para mantê-la viva. “Ela quebrava tudo dentro de casa. Roubava o que via pela frente. Saia e não sabia se iria ver minha filha novamente. Eram noites e dias de tormento, angústia, sofrimento que não desejo pra ninguém. Ela chegou a ficar com 38 kg. Para impedir que ela morresse na rua, cheguei a acorrentá-la muitas vezes”, conta a mãe.

“Comecei a notar uma mudança de comportamento. Tudo que eu comprava para ela ou que ela ganhava sumiam. O emagrecimento repentino era visível. Eu não queria acreditar que minha filha estava usando drogas. Eu não aceitava a doença, porque é uma doença, hoje eu sei. Batia nela no início. Exigia que me contasse a verdade. Só fui compreender como devia agir com ela quando finalmente encontrei ajuda”, desabafa Elza entre lágrimas.

Sheila foi mãe aos 15 anos. Aos 16 foi apresentada ao crack por uma “amiga”. “Me sentia livre e aí embalei de um jeito que não conseguia mais me livrar da droga. Ela é instigante e cada vez vicia mais e mais. Tive overdoses e antes de uma delas alguma coisa me dizia para voltar para casa. E foi lá, que diante da minha mãe, tive a pior delas. Quando voltei vi minha mãe desesperada clamando a Deus que não me tirasse dela”, conta.

Foram quatro longos anos de sofrimento. “Tentei me matar. Pra mim nada mais tinha razão. Saia de casa e não queria mais voltar porque fugir da realidade era a única opção. Pensava que se minha mãe e meu filho não me vissem mal eles ficariam bem. Não tinha mais noção de nada”, relata Sheila.

O amor do filho, hoje com 6 anos, foi determinante para que a jovem lutasse para continuar o tratamento sem recair. “Olhava pra ele e pensava que não queria isso mais para minha vida. Cheguei a perder a guarda dele e quase que conseguiram tirar a guarda da minha mãe, aí ela morria. Foi o amor deles, a perseverança da minha mãe, e o carinho do meu filho que me fizeram voltar para a vida”, enfatiza.  

Elza, em um ato de desespero, já não sabia mais a quem recorrer. Foi quando se dirigiu a Secretaria de Assistência Social de Guarapuava e foi encaminhada para o psicólogo, especialista em dependência química, e então coordenador do Departamento de Políticas Públicas sobre Drogas, Giovani Caetano Jaskulski, “o anjo sem asas que participou da minha tristeza e hoje participa da minha alegria”, diz Elza, emocionada.

  

Cristina Esteche

Jornalista

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