22/08/2023
Guarapuava

O artista e o público merecem respeito!

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O guarapuavano está realmente mudando; a cidade passa por transformações. Porém, há áreas que insistem em permanecer no passado. Não, no passado, não. Afinal, já tivemos um teatro que foi extinto, sei lá porque.

Digo isso, porque presenciei algo inédito na noite de quarta (12), Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. A estreia de Peter Pan, peça teatral produzida pela hoje Felchak Produções, estava superlotada. Faltou lugar, mas a trupe comandada pela talentosa Família Felchak, deu um jeito e ninguém ficou em pé. Aperta aqui, puxa ali, coloca mais uma cadeira lá e assim como a peça, o espaço improvisado no Pahy Centro de Eventos, transbordou arte, calor humano, talento. Ali, cada um no seu cantinho, voltou a ser criança ao mergulhar na magia da Terra do Nunca.

Que o talento de Rita Felchak e sua turma não estão mais à prova, ah! Isso é fato. Mas eles conseguem surpreender. Confesso que foi essa curiosidade que me tirou de casa numa noite chuvosa após enfrentar uma viagem de Florianópolis a Guarapuava. E, claro, a pressão da Sophia também colaborou.  

Guarapuava está mesmo preparada para grandes produções teatrais. Já temos um público para isso. E o melhor de tudo é que o “santo de casa, faz milagres”, mas foi preciso sair, rodar o país, conquistar outros espaços e então retornar. Mas o guarapuavano está mudando, sim e quando digo que a cidade ainda precisa avançar – vou usar aqui um verbo muito propalado nos últimos anos – , me refiro a um teatro. A cidade possui talentos nas mais diversas áreas da arte, nos bairros, na periferia, no interior, no Centro. E se nossos artistas ainda não mereceram o devido respeito, o público já faz por merecer.

No espetáculo Peter Pan, por exemplo, as cadeiras colocadas no mesmo plano dificultou a visibilidade do que acontecia nas partes mais baixas do palco, montado em 360 graus. O espetáculo saiu prejudicado nesse sentido e o público reclamou à boca pequena. Mas mesmo assim valeu a pena e mostrou que o guarapuavano quer mais. Quer um lugar adequado para eventos teatrais. Quer um teatro. Os artistas merecem; o público pede.

Afinal, Guarapuava precisa sair da condição do "já teve", precisa avançar a passos largos para recuperar o tempo perdido. E quanto a Peter Pan? Mais uma vez o David, a Dody, a Jiseli, a Rita, a Daiana e todos os demais artistas que compõem o elenco mostram que fazer arte em Guarapuava continua sendo um desafio.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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