22/08/2023




Guarapuava

O "milagre" do talento ganha alma num estúdio caseiro

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Cristina Esteche

Guarapuava – Equipamentos simples, sem marcas renomadas ou tecnologia de ponta, mas muito conhecimento e, principalmente, aptidão, curiosidade para experimentar e muito talento. Este é o mix perfeito que resulta em grandes produções, daquelas que nada perdem para produtoras de grandes centros.

Em Guarapuava, tudo isso tem um nome: Luiz Carlos Hofmann Junior, ou o Cursed Records, nome do estúdio que tem em sua casa e que também adotou como pseudônimo artístico.

Como um bom produtor musical, ele é, antes de tudo, um apaixonado por música, numa vibe que o levou para o death metal, aos nove anos de idade.

"Desde os 9 anos sou apreciador de músicas mais pesadas e agressivas, e aprendi a gostar ainda mais quando comecei a tocar guitarra".

De acordo com Cursed, desde o começo da sua carreira musical o desejo era gravar as próprias músicas, mas havia um impeditivo: "as limitações eram grandes, tanto de dinheiro quanto de equipamentos”.

Foi aos 14 anos de idade, que ele descobriu a possibilidade de gravar uma música utilizando duas fitas K7 e um som comum de casa.

“Era trabalhoso. Eu gravava a bateria em uma das fitas, depois apertava o play nesta fita com a bateria e gravava a guitarra na outra, e assim por diante, e o resultado era bem ruim.

Quando descobri a gravação em computador fiquei animado e comecei a pesquisar e aprender a mexer em softwares mais profissionais, mas sempre com o único intuito de registrar as minhas músicas e tê-las como recordação”.

Com um dos seus trabalhos em mãos, Cursed resolvou divulgar um pouco entre os amigos e o resultado foi que algumas bandas começaram a se interessar por gravar com ele, identificadas com a vertente do produtor, que é o som pesado. "A partir de então passei dois anos gravando algumas bandas como: Open Scars, Inception, Nzumba, Infury (meu projeto), Slug Killer e também algumas bandas de som mais ameno como Coalas Homicidas, Segredo Ás e Feeling Folks and Rednecks".

Para desenvolver o trabalho, Cursed montou uma pequena estrutura ("pequena mesmo e bem caseira”) e começou a trabalhar. A primeira banda a gravar um CD completo foi a Open Scars. “Passamos cerca de quatro meses trabalhando no material e gostei bastante do resultado.”

Em seguida gravou o rapper Nzumba, que apesar do estilo diferente que estava acostumado, sabia do peso das letras e das batidas pois conhece o músico de longa data. Após isto, gravei um material meu, chamado Infury, com músicas próprias e algumas participações de amigos de outras bandas. E por último gravei a banda Inception, de black metal, a qual gostei muito do resultado também.

Para Cursed, é muito interessante o fato das bandas depositarem a confiança para o registro de uma composição.

"Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, uma música de metal pesado é trabalhada, complexa, e precisa ser pensada, estudada. “O compositor tem um apreço muito grande por ela, e apresentar um material final que a banda gosta e elogia é sempre muito satisfatório.”

Segundo o compositor e produtor, os músicos sabem do esforço que é necessário para fazer qualquer coisa acontecer neste ramo. “Tudo que fazemos é por amor, pois se fizéssemos por motivos financeiros, estaríamos constantemente frustrados”.

Hoje, a Cursed Records está fazendo apenas alguns projetos específicos, por motivo de tempo. “Mas aquele tesão de ver uma música se construindo até chegar em um produto final que te arrepia, nunca vai morrer”.

E para o segundo semestre deste ano um novo projeto está sendo preparado. “Vamos nos reunir (Infury, Inception, Open Scars e Nzumba) para gravar algumas músicas. A idéia é fazer algo diferenciado, com um peso fora do comum e que provavelmente choque algumas pessoas. Devemos lançar no início do segundo semestre de 2017.

Cristina Esteche

Jornalista

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