22/08/2023
Guarapuava

O mundo está de ponta cabeça!

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As bolsas de valores despencam enquanto o dólar opera em alta. Os principais jornais do mundo abrem manchetes que assustam ainda mais.  O britânico Financial Times, especializado em economia, destaca o caráter “histórico” da vitória de Trump  e diz que a retórica populista do republicano, que já declarou ser contra uma maior abertura dos mercados, desagrada os investidores e as grandes corporações multinacionais. “É a era da improvisação política”, “Vitória de Donald Trump é mandato para explodir Washington,  “Donald Trump é o Brexit da América” são alguns destaques do diário.

O El País, jornal de língua espanhola mais lido no mundo, abriu editorial com o sugestivo título “A noite cai sobre Washington”, e opina que a vitória de Trump representa “uma derrota para os democratas de todo o mundo” e “uma satisfação para os inimigos da democracia”.

A rede britânica BBC destacou a vitória de Trump em Estados e diz alguns estados norte-americanos abriram caminho para uma virada ao estilo ‘Brexit', enquanto o alemão Bild, diário de maior circulação no país, informa que a “América se decidiu e optou por Donald Trump”.

O fato é que o americano será governado pelo caricato Donald Trump e as previsões não são nada alentadoras. Pelo contrário, é como se o mundo, de repente, amanhecesse de ponta cabeça. Afinal, o que era difícil de acontecer, aconteceu, a partir de uma campanha pautada por ignorâncias, ofensas pessoais, arrogância, apelando para um nacionalismo soberano que leva a crer que a partir de agora ao americano só interessa o seu país, o seu povo, e o resto do mundo que se dane. Nunca em outra época houve tanta incitação entre camadas da população, jogando uma contra a outra. Nunca o preconceito, a divisão, a exclusão foram tão difundidos.  

E agora? Como ficará a prática desse discurso insano que chegou ao cúmulo de propor a proibição da entrada de muçulmanos no país; que ofendeu nós, latinos-americanos; que defendeu a utilização de armas nucleares, entre tantas outras sandices? Como o mundo vai lidar com tudo isso? Qual será a papel dos Estados Unidos a partir de agora? O que é que vai acontecer ao acordo de Paris sobre as alterações climáticas? E ao acordo nuclear do Irã? Respostas? Só o tempo dirá.

O fato é que o multi-milionário vai administrar a maior economia mundial e para cumprir o que prometeu terá que se aproximar da Rússia – quem não lembra do elogio explícito ao presidente Vladimir Putin? Mas se por um lado, Trump buscará uma possível aproximação com o país rival, de outro, quer penalizar o vizinho México construindo um muro na fronteira entre os dois países e triplicando o exército o número de agentes fronteiriços, atribuindo a conta aos cofres públicos mexicanos. E para agravar ainda mais a situação, promete deportar cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais.

Em terreno americano, surge a promessa de criar 25 milhões de empregos nos próximos dez anos; criação de uma política protecionista, na contra-mão do comércio livre; substituição do aprovado sistema de saúde Obamacare e defender a segunda emenda constitucional permitindo o porte de armas para os cidadãos, sem controle na compra e venda de armamento.

Como se vê,  mundo realmente, está de cabeça para baixo. E pela primeira vez, vamos torcer para que nenhuma promessa de campanha seja cumprida.

Cristina Esteche

Jornalista

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