22/08/2023

O recado das urnas

A vitória apertada nas urnas é um aviso de que mudanças urgentes e radicais devem acontecer, não só na estrutura do governo reeleito,  mas também no PT (Partido dos Trabalhadores), que chega aos 16 anos no comando do País.

Essa “oxigenação” em dose dupla passou por um processo que começou com o brasileiro nas ruas, protestando, soltando a sua angústia. O começo da estopim foi o aumento na tarifa de ônibus em São Paulo, mas que se transformou na “deixa” para que a população fosse às ruas. A continuidade continuou no processo eleitoral, quer seja no primeiro ou no segundo turno. O eleitor mostrou que não aceita mais promessas não cumpridas, que está “passado’’ com a onda de corrupção patrocinada pela classe política. Alguns acreditam no recado, outros não. Alguns pensam que o povo continua com a memória curta e que vão esquecer fácil de atitudes que não concordam, outros se tornam mais cautelosos e preferem não desafiar o entendimento popular.

A presidenta reeleita Dilma Rousseff, pelo menos na teoria, entendeu o recado ao sair de uma das eleições mais acirradas das últimas décadas. Falou em união e reformas em seu primeiro discurso e sobre a necessidade de mudanças, palavra que foi incansavelmente repetida durante a campanha.

Segundo a presidenta, a primeira reforma que ela buscará será a política. Dilma disse que vai procurar o Congresso Nacional para conversar, assim como movimentos da sociedade civil. Ela voltou a insistir na necessidade de um plebiscito para "dar força e legitimar" a reforma.

"Entre as reformas, a primeira e mais importante deve ser a reforma política. Deflagrar essa reforma, que é de responsabilidade do Congresso, deve mobilizar a sociedade por meio de um plebiscito, de uma consulta popular. Somente com um plebiscito nós vamos encontrar a força e a legitimidade para levar adiante este tema. Quero discutir isso com o novo Congresso eleito. Quero discutir igualmente com os movimentos sociais e as forças da sociedade civil."

O combate à corrupção é outro desafio da presidente reeleita. Uma tarefa que pode parecer impossível perante a cultura brasileira herdada desde o tempo do descobrimento e impulsionada pelo “jeitinho brasileiro” de ser. A corrupção começa no dia a dia das pessoas. Para fazer esse enfrentamento, Dilma  diz que fortalecer o os mecanismos de controle e que vai propor mudanças na legislação para acabar com a impunidade, que para ela é a protetora da corrupção. Aliás, desde que o PT passou a governar o Brasil, a corrupção saiu debaixo do tapete, no estilo “doa a quem doer”. Coisa que os outros governos não faziam.

Mas os desafios da presidente reeleita não param por aí.  A área econômica precisa ser reformulada para  impor ritmo  ao crescimento, mantendo empregos e renda. O “fantasma” da inflação que tanto assombrou os brasileiros em tempos bem recentes também precisa ser “exorcizado”.

Paralelamente, o PT precisa ser avaliar os seus quadros, precisa de mudanças drásticas na condução do partido. Afinal, o resultado das urnas mostra que o governo passou a ter uma oposição definida, consistente. Queiram ou não, o PSDB  desempenhou um bom papel nestas eleições.  Por tudo isso, mudanças já, para que a estrela continue subindo sem que a asa tucana consiga alcançar.

Cristina Esteche

Jornalista

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