22/08/2023


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Olimpíada faz “vaquinha” para adquirir planetário digital

A Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) está realizando campanha online para a aquisição de um planetário digital destinado à capacitação de professores e à divulgação da astronomia. A "vaquinha" está no ar desde o dia 15 de fevereiro e já arrecadou R$ 25.592,17, que representa 51,18% dos R$ 50 mil necessários para a aquisição dos equipamentos.

O planetário digital nada mais é do que um tecido inflável, com um projetor que mostra o céu de qualquer lugar do mundo. O professor João Batista Garcia Canalle, do Instituto de Física da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, astrônomo e coordenador nacional da OBA, explica que foi feito o pedido ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mas a OBA não foi contemplada com o equipamento, então surgiu a ideia da vaquinha.

“A ideia é levar o planetário nos eventos da OBA. As pessoas estão espontaneamente fazendo as doações, apostando no trabalho que estamos fazendo”, diz o professor Canalle. Ele explica que o objetivo principal  é capacitar os professores para que possam despertar nos alunos o interesse pela astronomia. “É importante colocar o professor dentro de um planetário, tornar os ensinamentos visíveis e mais compreensíveis.”

Desde 1998, a OBA, feita pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), acabou se tornando um conjunto de eventos para levar o maior número de informações sobre ciências espaciais para a sala de aula. As inscrições de 2014 para escolas ainda não participantes já estão abertas e a prova deste ano ocorre no dia 16 de maio. Podem participar estudantes de qualquer ano do ensino fundamental ou médio de escolas públicas e particulares.

O professor Canalle explica que a astronomia profissional no Brasil é muito antiga, desde a criação do Observatório Nacional por dom Pedro em 1827, mas que seu desenvolvimento começou por volta de 30 anos atrás. “Temos cerca de 20 centros de pós-graduação e quase 1.000 astrônomos atuando no Brasil. É pouco para o tamanho da nossa população, mas muito para quem, há 30 anos, não tinha nada”, disse o coordenador da OBA.

Para ele, há grande mercado para futuros astrônomos. “Há várias possíveis profissões e um mercado para futuros astrônomos. Não só nas pesquisas em universidades, mas em planetários, observatórios, no desenvolvimento de satélites. É uma profissão como qualquer outra, mas as pessoas não veem como um trabalho de escritório”.

Para disseminar esses conhecimentos, a Olimpíada tem apoiado, desde 2009, os Encontros Regionais de Ensino de Astronomia (Erea) para atualização dos professores. Os estudantes, além da prova escrita, também podem participar da Mostra Brasileira de Foguetes (Mobfog) nas escolas e, posteriormente, da Jornada de Foguetes, que reúne cerca de 100 das melhores equipes de alunos do ensino médio.

Os estudantes com melhor classificação na prova, este ano, vão integrar as equipes para representar o país em duas olimpíadas internacionais em 2015 e concorrer a vagas nas Jornadas Espaciais e no Space Camp.

A OBA já conta com quase 6 milhões de participantes. Em 2013, a olimpíada distribuiu 34 mil medalhas, separadas por nível, e reuniu 775 mil alunos de aproximadamente 9 mil escolas de todas as regiões do Brasil, envolvendo quase 63 mil professores. A expectativa, este ano, é ultrapassar a marca de 1 milhão de participantes.

Canalle ressalta que a iniciativa não tem a intenção de criar rivalidade entre escolas ou promover competição entre cidades ou estados, tanto que as notas das provas não são públicas. “Queremos valorizar quem ganha medalha e estimulamos a realização de cerimônias de entrega para parabenizar esses alunos. Mas, para os medalhistas, as oportunidades acabam se abrindo, temos alunos indo estudar no exterior, concorrendo no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Harvard, porque se destacaram em olimpíadas”.

Cristina Esteche

Jornalista

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