Da redação – O senador Osmar Dias (PDT) disse ao jornalista André Gonçalves da Gazeta do Povo que continua sendo pré-candidato ao Governo do Paraná e que não está indeciso em relação a essa condição.
Para os enador, as especulações em torno dessa possível desistência se trata de um "processo natural de quem está tendo dificuldades para fazer uma aliança. Talvez eu seja o político mais sincero que existe no Brasil e por isso eu sou confundido. As pessoas confundem a sinceridade que eu tenho com indefinição. Eu não estou indeciso. Se eu tiver uma aliança estruturada politicamente para a disputa, mantenho a candidatura. Se não, meus próprios companheiros haverão de reconhecer
que não há possibilidades. Mas eu estou recebendo apoio no sentido de que há, sim, possibilidades."
Em resposta à pergunta feita pelo jornalista sobre a sua opinião sobre aproposta recebida do PSDB para ser canddiato ao Senado Federal Osmar Dias respondeu que achou " bem interessante porque convida o PDT para participar da chapa majoritária. Eu fiquei até feliz. Não ficou claro se eu posso ser o candidato a governador. Isso deixou uma abertura para a gente conversar", tenta Osmar Dias.
Leia a matéria da GP na íntegra:
Entrevista com Osmar Dias, senador e pré-candidato ao governo estadual pelo PDT.
"Brasília – A última tentativa de selar uma aliança entre PT e PDT para sustentar a candidatura a governador do Paraná de Osmar Dias deve ocorrer hoje em Brasília. O senador espera por uma reunião com o presidente nacional petista, José Eduardo Dutra, que ainda não havia sido confirmada até ontem à noite.
Enquanto a negociação com o partido do presidente Lula se dilui, aumenta o assédio do PSDB. Ontem, o pré-candidato a presidente tucano, José Serra, elogiou abertamente Osmar durante entrevista ao Programa do Ratinho, no SBT.
A tentativa se soma ao convite formalizado pelo partido anteontem para que Osmar desista de concorrer ao governo para disputar a reeleição no Senado. Em entrevista à Gazeta do Povo, no entanto, Osmar garante que não está indeciso e que é candidato a governador.
“Talvez eu seja o político mais sincero que existe no Brasil e por
isso eu sou confundido. As pessoas confundem a sinceridade que eu
tenho com indefinição. Eu não estou indeciso”, disse ontem, após um
novo dia de especulações sobre sua indefinição.
Hoje o senhor é candidato a qual cargo?
A governador.
Sem dúvida?
Sem dúvida.
Então toda essa indefinição que envolve o futuro do senhor é só boato?
Não. É um processo natural de quem está tendo dificuldades para fazer
uma aliança. Talvez eu seja o político mais sincero que existe no
Brasil e por isso eu sou confundido. As pessoas confundem a
sinceridade que eu tenho com indefinição. Eu não estou indeciso. Se eu
tiver uma aliança estruturada politicamente para a disputa, mantenho a
candidatura. Se não, meus próprios companheiros haverão de reconhecer
que não há possibilidades. Mas eu estou recebendo apoio no sentido de
que há, sim, possibilidades.
O que o senhor achou da proposta que recebeu do PSDB?
A proposta do PSDB é bem interessante porque convida o PDT para
participar da chapa majoritária. Eu fiquei até feliz. Não ficou claro
se eu posso ser o candidato a governador. Isso deixou uma abertura
para a gente conversar.
Qual é a diferença nas negociações com o PT e o PSDB?
A diferença é que a do PSDB existe, a do PT, não.
Não existe? Então não existe a proposta do PT para que o senhor seja
candidato a governador e Gleisi Hoffmann a senadora?
Existe uma proposta que foi feita verbalmente, repetida muitas vezes e
mudadas muitas vezes. Quem fez uma proposta fui eu, depois que eles me
procuraram. Mas eles não aceitaram e a negociação com o PT foi
encerrada por esse motivo.
O que emperra o acordo com o PT é só a exigência de Gleisi Hoffmann
como candidata ao Senado?
A candidatura da Gleisi a vice-governadora abriria a possibilidade
de uma chapa com o PMDB, com o PP, e outros partidos que viriam pela
força dessa coligação. Eles seriam aglutinados em uma chapa vencedora.
Mas é importante ficar claro: eu nunca culpei o PT nessa história. Só
acho que os objetivos do PT não são os mesmos do PDT. O PDT quer
eleger o governador. O PT quer eleger uma senadora e só.
O senhor sempre diz que o PT do Paraná não trabalha, ou trabalha
pouco, pela candidatura a presidente de Dilma Rousseff. É isso mesmo o
que o senhor pensa?
Essa não é uma opinião minha. É uma opinião unânime dos políticos que
estão acompanhando o processo no Paraná.
O senhor também fala que o PT havia se comprometido a trazer para o
Paraná uma aliança com os partidos da base aliada ao governo Lula. Mas
não é uma missão quase impossível fazer uma chapa com o PMDB do
ex-governador Roberto Requião, rival do senhor na eleição de 2006 e
que vive brigando com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo?
Por essa sua lógica eu tenho que fechar logo uma aliança com o PSDB. O
PSDB esteve comigo no segundo turno em 2006 e eu estive com eles em
2004 e 2008. A aliança natural é com o PSDB. Se eu não posso fazer
aliança com quem eu fui adversário, então a gente tem de voltar ao
bipartidarismo. Eu acho até que deveria voltar para esse sistema.
Tenho saudades daquele tempo, não tinha tanta trairagem como tem hoje.
Qual é a diferença da indefinição que o senhor teve na candidatura a
governador em 2006 e agora?
Em 2006, eu tive um problema de saúde, que me fez retardar o anúncio
da minha candidatura. Tenho responsabilidade, não acho que ser
governador é um projeto pessoal. É um projeto coletivo. No momento em
que as pessoas que me apoiavam aceitaram que eu fosse candidato
naquelas condições, eu fui para a luta. E enfrentei o governador
Requião. Ninguém pode me acusar de ser indeciso. Hoje não há
indecisão, há uma aliança complicada. Tenho mais dificuldades em
construir alianças devido ao lado em que o PDT se posicionou no campo
nacional. Como eu sempre tive um histórico junto com o PSDB, o PPS, o
DEM, essa posição nacional me colocou em uma situação de contradição
no estado. A dificuldade que eu tive de firmar uma aliança com o
PT tem a ver com essa questão histórica. Nós nunca estivemos juntos. O
PT sempre foi meu adversário. Um processo de aliança nesse caso não é
fácil. Acho que a gente pode colocar a responsabilidade na história de
cada partido. Eu sempre disse: para fazer uma aliança com o PT,
deveríamos remover os nossos obstáculos históricos. Quando eu assinei
a CPI do MST, parte do PT se revoltou. Como eu me revoltei quando a
Dilma não quis assinar um documento condenando a invasão de
propriedade privada.
Como foi a conversa do senhor hoje com o presidente nacional do PDT,
Carlos Lupi?
Tivemos um almoço e eu relatei a ele o cenário político do Paraná e as
dificuldades da aliança com o PT. Ele sabia um pouco disso porque eu
já havia ficado contra a entrada do PDT no governo federal, prevendo
meus problemas em me relacionar com o PT no Paraná. Deixei claro que o
sonho dele de ver a aliança nacional no Paraná é muito difícil. Os
partidos já estão se definindo, como o PP, que foi base do governo o
tempo inteiro aqui Brasília, indicou o vice-líder na Câmara (o
deputado paranaense Ricardo Barros). Ele teve os benefícios dessa
vice-liderança e hoje está fechado com o candidato do PSDB a
governador. Não houve nenhuma preocupação do PT de chamar esse
vice-líder para conversar e também não houve preocupação desse
vice-líder em continuar a mesma trajetória. Ele era da base, mas
não vai apoiar o candidato do governo. É uma posição política que eu
não consigo adotar. Aqui em Brasília eu sempre fui leal, votei com o
governo, mas a minha posição no Paraná sempre foi outra.
E as conversas com o candidato do PSDB a presidente, José Serra?
Ele me liga sempre. Me ligou no meu aniversário [segunda-feira]. Fez o
convite para estarmos juntos, disse que não consegue me enxergar
fazendo campanha contra ele. Disse que me considera um amigo. Hoje
[ontem] ele me ligou de novo e repetiu tudo isso. Também disse que
estaria no Programa do Ratinho e que falaria sobre mim. Como vocês
[jornalistas] não me deixam ver o programa, eu não sei o que ele vai
dizer a meu respeito, mas com certeza vai falar bem. [20 minutos
depois da entrevista, Serra elogiou os conhecimentos de Osmar sobre
agricultura no programa e disse que se aconselha sobre o tema com o
paranaense.]
O senhor tem uma reunião com o presidente nacional do PT, José Eduardo
Dutra. Tem alguma chance de haver alguma reviravolta nessa
negociação com os petistas?
O acesso ao presidente do PT tem sido muito difícil. Ele marcou comigo
uma reunião, mas não marcou horário nem local. Eu espero que ainda
hoje [ontem], antes das 22 horas, ele me passe os detalhes. Assim fica
difícil se entender."