Cristina Esteche
Guarapuava – Apesar das características libertárias e de protestos ao sistema, e a agitação social dos anos 60 que começava a luta pela igualdade entre homens e mulheres, o rock se firmou ao longo das décadas com perfil machista. No heavy metal, com a essência do rock pesado, as diferenças são mais gritantes, com exceção das bandas da era punk, onde as mulheres ganharam espaço. Mas isso foi mudando aos poucos e nos anos 90 mais mulheres apareceram fazendo rock pesado. Atualmente, bandas do mundo inteiro vêm crescendo e se aprimorando através das vozes delas.
Em Guarapuava, quatro meninas trocam os uniformes do Instituto Virmond, onde são atendentes de enfermagem, pelas roupas dark, pelos cabelos radicais. No lugar de medicamentos, as mãos passam a segurar e a dedilhar as guitarras, as baquetas da bateria. Durante os shows, nessa transformação, elas querem mesmo é mostrar os riffs da guitarra, onde contrastam bastante peso com o jogo de corpo, com a voz rouca, mas sem perder a melodia.
Tudo começou quando a vocalista Andressa, a baixista Ana e a baterista Dila tocavam numa banda com tendências para o rock clássico, enquanto a guitarrista Dienifer fazia parte de uma banda de punk rock. “Por ventura, esses projetos distintos acabaram e unidas pela similaridade do gosto musical e pela vontade de tocar outro estilo, convidamos a Dienifer para formar uma nova banda, do gênero new metal”, diz Andressa. E surgiu a PaperDoll, ou Boneca de Papel. O nome da banda remete a uma música da banda Kittie, uma das favoritas do grupo. A Kittie aborda o tema de padronização da mulher, como ela deve ser, agir e se vestir para que seja aceita. É uma crítica sobre o que esperam das mulheres e sobre quem realmente somos”.
A banda guarapuavana teve início em fevereiro deste ano, com o montagem de um repertório covers. As principais bandas escolhidas foram Kittie, L7 e Drain STH, que por coincidência são bandas compostas integralmente por membros femininos. “A nossa banda é bastante recente, porém, já estamos trabalhando em composições próprias.”
Segundo as meninas, a vontade de ter uma banda composta exclusivamente por mulheres sempre foi denominador comum entre elas. “É para que possamos mostrar que temos tanta capacidade de fazer música tanto quanto homens, que são predominantes nesse estilo. Ter uma banda feminina gera curiosidade e expectativa, porque todos querem saber se nós tocamos pra valer mesmo, se sabemos tocar.
A ESTREIA
A Affliction Metal Fest que ocorrerá nesse domingo será a estreia da banda. “Estamos todas ansiosas pra mostrar nosso trabalho. Vai ser incrível tocar o que gostamos para o público”.
E como reconhecimento pela oportunidade a PaperDoll faz agradecimentos. “Queremos agradecer ao Júnior do Maquinaria pela oportunidade, à Crash TV pelo apoio e à RedeSul de Notícias por ter aberto esse espaço para gente. É realmente muito gratificante para nós”.