22/08/2023
Cotidiano

Para artistas de Guarapuava, “teatro municipal foi eleitoreiro”

imagem-44740

Por: Caio Budel
A construção do Teatro-escola em Guarapuava não vem agradando muitos artistas da cidade, que denominam a obra como meramente eleitoreira. De acordo com Eduardo Matysiak, produtor e ator da Companhia de Teatro Jones Guerra, a obra só trará benefícios para a população caso seja teatro-escola e não  “teatro municipal”, como o atual prefeito denomina. “Guarapuava merece mais que isso. Merece um teatro municipal de verdade, que tenha capacidade para receber grandes apresentações e um grande número de pessoas”, conta.
Além disso, para Eduardo, a construção da escola, no momento, é que devia ser prioridade. “Em vários anos de mandato o prefeito da cidade não resolveu o problema da escola. Por que, justo no ano de eleição, começar uma obra dessas?” questiona.
Segundo Jones Guerra, diretor da companhia que está organizando o segundo Festival Cênico em Guarapuava, o grupo de teatro vem sentindo dificuldades para divulgar o seu trabalho na cidade. “Nós não recebemos nenhum apoio da prefeitura para organização do evento ou possíveis investimentos” explica. Além disso, Jones também afirma que não se deve usar a arte para tentar ganhar a eleição. “A arte é para todos. Ao invés de usá-la como meio politico, deve-se dar subsidio para que ela ande com as suas próprias pernas”, conta.
A presidente da Academia de Letras, Artes e Ciências de Guarapuava, Maria Madalena Neroni, não se consegue trazer grandes peças para a cidade porque não se investe em cultura. “Uma obra desse porte não resolve o problema de Guarapuava. Uma cidade com quase 200 anos acabou se tornando um grande polo cultural da região, por isso precisamos de um teatro que comporte o grande público de Guarapuava”, conta.
Além disso, Madalena é organizadora do projeto da Alac que tem como bandeira a construção de um grande teatro para Guarapuava com apoio total da Companhia de Teatro Jones Guerra, mas que não teve suporte da prefeitura. “Vinte e três instituições estão apoiando o projeto que, só de início, terá 1040 lugares ao todo. Porém, quando exposto a prefeitura, não obtivemos resposta alguma”, explica.
Contudo, tanto os integrantes da companhia teatral quanto a presidente da Academia de Letras, Artes e Ciências ressalvam não ter nada contra a construção da escola e só querem um teatro digno para a cidade. "Somos favoravéis a população, e achamos que o artista da cidade deve ser mais valorizado", conta Jones.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.