O caique e outros indígenas que vivem na aldeia Rio das Cobras já têm informações do impacto ambiental e social da implantação da Nova Ferroeste na Região. Para ouvir o relato, líderes das 11 aldeias e o cacique reuniram-se com representantes do Governo do Paraná.
Profissionais da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Fipe) estiveram presentes. A reunião nessa quarta (25), conduzida por funcionários da Funai de Brasília e de Guarapuava, ocorreu na Escola Indígena Professor Candoca.
A comunidade fica em Nova Laranjeiras, município incluído no traçado da ferrovia que ligará Maracaju/MS a Paranaguá. A Terra Indígena Rio das Cobras teve início em 1913 com a doação de áreas pelo Governo do Paraná. Atualmente 3.200 pessoas vivem na área, de 19 mil hectares. São famílias das etnias Kaingang e Guarani.
O trabalho apresentado é uma das etapas do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). De acordo com o estudo, no entanto, a interferência em quase todos os aspetos será bem pequena. Ainda assim foram propostos 23 programas de controle e monitoramento em todas essas frentes. Inclui também a promoção do desenvolvimento econômico.
Conforme o antropólogo da Fipe, Paulo de Goes, os indígena desenharam o próprio território. Além de indicarem onde está o empreendimento e os pontos mais sensíveis. “Também procuramos ouvir como eles entendem os impactos, e tudo isso consta no projeto”.
O estudo da Fipe avaliou as condições do meio físico, biótico e socioeconômico, de acordo com o antropólogo. “Foram estudadas as possibilidades de desenvolvimento de processos erosivos e assoreamento de cursos d’água. Assim como a contaminação de solos, águas superficiais e subterrâneas e alteração na qualidade do ar. O risco do aumento nos níveis de ruído e vibração também foi levantada”.
O cacique Angelo Rufino afirmou que o trabalho levou em consideração os anseios dos moradores. “Todos foram chamados e ouvidos, isso foi muito importante para as pessoas que estão aqui. Todas as aldeias vão ficar contentes”.
De acordo com o cacique, a comunidade tem convivência com o trem que passa perto do limite da Região. “Sempre escutamos o barulho. Esses programas apresentados contemplaram a nossa cultura, a nossa tradição do artesanato. O resultado foi como a gente esperava”.
A NOVA FERROESTE
Segundo o Governo, a Nova Ferroeste vai permitir um salto na logística de transporte de mercadorias ao Porto de Paranaguá. Conforme o projeto a obra terá dois ramais a partir de Cascavel para Foz do Iguaçu e Chapecó/SC. O total é de 1.567 quilômetros.
O projeto da nova ferrovia vai expandir a atual Ferroeste, que liga Cascavel e Guarapuava. O gasto estimado é de R$ 35,8 bilhões. Conforme o Governo, o licenciamento ambiental da Nova Ferroeste teve início em 2021. Nesse ano ocorreu o Estudo de Impacto Ambiental, protocolado junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Em maio de 2022 representantes do órgão federal fizeram visitas técnicas. Também comandaram sete audiências públicas para discutir o impacto ambiental de Maracaju/MS a Paranaguá e o ramal de Cascavel a Foz do Iguaçu. O Governo trabalha agora em melhorias do projeto para dar seguimento ao licenciamento.
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