22/08/2023


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Paraná se prepara para montar banco com DNA de criminosos condenados

A partir de dezembro, a Polícia Científica do Paraná vai começar a coletar o material genético de mais de 4 mil detentos das penitenciárias do estado. O objetivo é montar um banco de dados, que deve ajudar os peritos do Instituto de Criminalística a identificar criminosos reincidentes em investigações futuras.

De acordo com o diretor da Polícia Científica, Leon Grupenmacher, o Paraná será o primeiro estado a cumprir uma lei federal que determina o mapeamento genético de presos condenados. “Está quase tudo pronto. Após os investimentos do governo, já compramos todos os equipamentos e eles começaram a ser instalados”, diz o diretor. Segundo ele, o investimento passa de R$ 1 milhão.

O diretor da área de DNA, do Instituto de Criminalística, Emerson Bertasone, explica que a coleta do material genético é obrigatória. De acordo com a legislação, os presos devem fornecer todo o material, sem ter direito a questionar. A coleta será feita a partir da mucosa bucal. Com um algodão, os técnicos retiram o material e levam para o laboratório, onde é feito o mapeamento genético.

A legislação criada em 2012 permite que a coleta seja feita apenas em presos que já tenham sido condenados por crimes que atentem de forma grave contra as pessoas, como estupradores, homicidas, latrocidas, entre outros. A medida muda o entendimento de que as pessoas têm o direito de não fornecer quaisquer tipo de provas que possam incriminá-las. “Nós, como autoridade policial, temos que cumprir a lei. Não nos cabe questionar. Além do mais, a coleta é indolor e não invasiva”, diz Bertasone, citando indiretamente o texto constitucional, que proíbe maus tratos a qualquer detento do sistema prisional.

FACILIDADE
Grupenmacher diz que a criação do banco de dados nacional de DNA deve facilitar muito as investigações. Em função da conhecida reincidência, se alguém praticar um crime no Paraná, mas tiver sido preso em outro estado, ele pode ser rapidamente identificado após a coleta do DNA. “Em apenas cinco horas já temos a identificação e podemos encaminhar o pedido de prisão”, diz.

Já Bertasone pontua que a criação do banco de dados é uma conquista e um complemento ao processo de trabalho da Polícia Científica.

BANCO EXISTE
Atualmente, o Instituto de Criminalística do Paraná possui um acervo com cerca de 300 amostras de DNA catalogadas. Essas amostras foram coletadas em cenas de crimes e em outras investigações, pelos peritos da Polícia Científica. Com a coleta do material dos presidiários, essas amostras devem ser incorporadas também ao banco de dados, ampliando ainda mais o alcance das investigações.

Em uma segunda etapa do projeto, o objetivo será coletar amostras de DNA dos agentes de segurança, entre policiais civis, militares e peritos, para que sejam comparadas com as coletadas em cenas de crimes e possam servir para apurar eventuais denúncias de desvios de conduta.

Cristina Esteche

Jornalista

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