A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos formalizou nesta segunda-feira (14) o Grupo de Trabalho (GT) Pinhão Paraná. Nos próximos meses, a equipe terá a meta de desenvolver políticas públicas de incentivo à produção e à preservação do pinheiro – árvore símbolo do estado e ameaçada de extinção.
Na primeira etapa dos trabalhos, a ideia é formular uma resolução que estimule a produção econômica do pinhão no Paraná. Esta regulamentação deve determinar critérios para a produção do pinhão e formas adequadas de manejo, desde o plantio da semente e a enxertia até o cultivo, colheita, distribuição e comercialização.
Em seguida, de forma mais abrangente, o GT deverá desenvolver uma política estadual de conservação da Araucária angustifólia – nome científico do pinheiro.
O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, considera as discussões emergenciais: "Neste momento, em que vemos o pinheiro, ecossistema símbolo do Paraná, ser ameaçado de extinção, clamamos com urgência por políticas públicas que tragam segurança para os nossos produtores e possibilitem uma grande ação de sustentabilidade da espécie".
Fazem parte do GT Pinhão Paraná, que funcionará junto à Câmara Técnica de Biodiversidade: o coordenador de mudanças climáticas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Carlos Garcez, o coordenador de educação ambiental, Paulo Roberto Castella, e os técnicos Ênio Goss, Carmem Leal, Gracie Maximiano e Francisca do Valle.
O grupo ainda conta com a colaboração da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) e de produtores rurais, entre outras pessoas ligadas à produção e ao cultivo do pinhão no estado.
INÉDITO
"Pela primeira vez, vejo uma ação concreta de política pública se estruturando para enfrentar o problema [a ameaça de extinção da araucária]", comemora o professor Flávio Zanette, da UFPR, um dos colaboradores do grupo.
Zanette, que dedicou anos de pesquisa sobre as melhores formas de manejo da araucária, diz que as discussões no âmbito público eram muito aguardadas e são de extrema importância, pois a ação que ele considera mais urgente é justamente adequar a legislação vigente no estado.
"As leis atuais desestimulam os agricultores a produzirem o pinhão. Nosso primeiro desafio é rever esses textos e garantir que os novos conhecimentos cheguem aos produtores. Em seguida, precisamos de uma política de fomento à produção com base nas novas tecnologias", avalia o professor, que é engenheiro agrônomo e doutor em fitotecnia.
AMEAÇA DE EXTINÇÃO
Os dados sobre a possibilidade extinção da araucária são preocupantes. No último mês de agosto, a espécie passou a ser considerada pela União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) ameaçada de extinção – antes disso, estava na categoria de risco de ameaça. Com isso, entrou para a "Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas", ranking mundial que é atualizado todos os anos.
O último diagnóstico oficial dos remanescentes de floresta com araucária no Paraná, publicado em 2004, mostra que as florestas em estágio inicial de conservação (intensamente exploradas, restando pouco da composição inicial) totalizam 14,04% da área do bioma no estado. As florestas com araucárias em estágio médio de sucessão (que passaram por uma degradação intensa, mas ainda guardam um pouco da diversidade florística e de formas de vida) representam 14,47%. Já as florestas em estágio avançado de sucessão (florestas de maior diversidade) correspondem a apenas 0,8% da área total de florestas com araucárias no Paraná.