Populares agrediram um motorista na manhã desta sexta-feira em Guarapuava, confundido-o com o verdadeiro autor de um atropelamento no Bairro Morro Alto. O agredido estava atrás do carro atropelador e desceu para ajudar a vítima, quando foi espancado por pessoas que estavam próximas do local do acidente.
O caso trás componentes de um comportamento que se tornou rotina nos últimos meses. É a população querendo fazer justiça com as próprias mãos. Recentemente, em várias regiões do País, amarraram suspeitos de delitos em postes. Em Guarapuava, nesta semana, um empresário saiu às catas de um rapaz que furtou uma guitarra de sua loja. Em outras cidades, imagens pela TV mostraram um comerciante caçando um bandido, de arma em punho.
Anomalias sociais dessa envergadura acontecem quando o cidadão sente-se desprotegido pelo Estado. A sensação de insegurança, com ausência da polícia e de outros meios de combate à delinqüência, é o elixir que potencializa o enfrentamento cidadão-cidadão, tornando-nos reféns do medo.
De nada adianta imputar total responsabilidade ao Poder Estatal. O cidadão precisa fazer a sua parte. Não com a violência, pois o único resultado a conseguir será a multiplicação da raiva, do egoísmo, do caos social.
Os populares se revoltaram e agrediram o motorista porque a vítima atropelada era um senhor de idade. O trânsito, com o excesso de carros, a falta de campanhas educativas, tende a ser uma terra-de-ninguém, sob o imperativo da lei do mais forte – a máquina “possante”. Cria-se um estado de coisas onde o convívio pacificado é quase impossível.
Para reverter essa tendência maluca, esquizofrênica, Estado-Município-Cidadão têm que dar as mãos e cada um fazer a sua parte. Do contrário, ninguém irá suportar.