22/08/2023
Paraná Saúde

Pesquisa aponta que características genéticas influenciam grupos de risco

Instituto de Pesquisa do Câncer (IPEC) participou junto com pesquisadores das universidades estaduais do Paraná e Instituto Pelé

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Pesquisa envolveu o IPEC (Foto: Secom/Prefeitura de Guarapuava)

Pesquisadores das universidades estaduais do Paraná, incluindo o Instituto para Pesquisa do Câncer de Guarapuava (Ipec), apresentam estudo sobre o novo coronavírus. Conforme eles, a pesquisa ajuda a compreender como os sistemas naturais de defesa do organismo humano reagem à covid-19. Além de destacar a interação do genoma do vírus e dos pacientes acometidos pela doença.

De acordo com os pesquisadores, o estudo revisou cerca de 90 trabalhos científicos. Entretanto, somente os publicados até julho de 2021. E relacionados às variantes do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em países como Estados Unidos, Inglaterra, Irã, Itália e Suíça, entre outros. Desse modo, entre os resultados, foi possível classificar os grupos de risco de pessoas infectadas para além da idade e das comorbidades associadas a outras doenças.

Conforme explica a doutora em Genética Ilce Mara de Syllos Cólus, o DNA humano passou por muitas mutações ao longo da evolução. Assim sendo, fixou algumas dessas alterações nos genes, que são os responsáveis pelas características físicas e biológicas das pessoas. Ilce é também professora no Departamento de Biologia Geral do Centro de Ciência Biológicas (CCB) da UEL.

O mapeamento das variações genéticas relacionadas à infecção pelo novo coronavírus evidencia, em parte, o fato de as pessoas reagirem de forma diferente à doença.

Ou seja,  segundo a pesquisadora, a genética dos pacientes influencia significativamente na forma como o corpo reage à covid-19.

No entanto, ela esclarece que as principais variantes genéticas presentes nos genomas dos pacientes são, particularmente, focadas nos genes ACE2. Estes são responsáveis pela regulação da pressão arterial do corpo humano. E ainda o TMPRSS2, referente à entrada e disseminação viral. Conforme o estudo, essas variantes impactam na predisposição à infecção do vírus e na gravidade da doença.

Professora Juliana Mara Serpeloni (Foto: AEN)

A doutora em Genética Toxicológica, professora Juliana Mara Serpeloni, entende que as variações genéticas do vírus e das pessoas é importante para o monitoramento e controle da doença. Juliana atua como professora no Departamento de Biologia Geral do Centro de Ciência Biológicas (CCB) da UEL.

As variantes influenciam diretamente na taxa de infecção, na quantidade de vírus que adentra nas células humanas, na capacidade de o vírus escapar do sistema imunológico e nas manifestações clínicas da doença.

GRUPOS DE RISCO

Entretanto, aspectos como faixa etária e comorbidades são insuficientes para explicar a patologia e as reações da doença no organismo humano. Por isso, as variantes genéticas descritas na pesquisa e os fatores moleculares envolvidos na interação genômica entre vírus e paciente favorecem a definição dos grupos de risco.

Assim, o estudo sugere a avaliação de hábitos como o tabagismo e o consumo de álcool. Além de fatores genéticos dos pacientes, para melhor classificação dos grupos de risco. Os também chamados de populações-chave para a dinâmica da pandemia e resposta ao vírus.

De acordo a pesquisa, os resultados demonstram, ainda, que o tipo sanguíneo influencia nas reações fisiológicas das pessoas. Conforme o estudo, o tipo “A”, por exemplo, apresenta mais risco de infecção, enquanto o tipo “O” apresenta menos risco. A pesquisa também constatou que infectividade e letalidade não estão diretamente relacionadas. A letalidade é alta se comparada a doenças de vírus da mesma família.

INTERNACIONAL

A partir desse estudo, as pesquisadoras produziram ainda um artigo acadêmico. Ele está publicado na revista holandesa Immunobiology. Trata-se de periódico centenário, considerado referência na divulgação de conteúdos científicos de imunobiologia, sorologia, hematologia, alergia, doenças infecciosas e transplantes.

O trabalho está disponível no volume 226, edição 5, de setembro de 2021. Para acessar, clique AQUI.

PARTICIPANTES

O estudo é em parceria com pesquisadores das Universidades Estaduais de Maringá (UEM), de Ponta Grossa (UEPG) do Oeste do Paraná (Unioeste). Assim como da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe e do Ipec.

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Cristina Esteche

Jornalista

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