22/08/2023
Educação Guarapuava

Pichações neonazistas e ameaça de morte chamam a atenção na Unicentro

Pichações em banheiros ameaçam de morte o acadêmico Yago Crema, do curso de Serviço Social. Reitoria abriu sindicância

Pichações neonazistas e ameaça de morte chamam a atenção na Unicentro (Foto: Cristina Esteche/Portal RSN)

A mobilização de parte de acadêmicos da Unicentro, nesta semana, chama a atenção para um problema grave na Instituição. Ameaças de morte, pichações de símbolos nazistas em sanitários, e outras manifestações criminosas passaram a compor o cotidiano da universidade em Guarapuava. E o alvo tem um nome. Trata-se do estudante de Serviço Social, Yago Crema.

Por conta disso, na segunda (8), alunos solidários fizeram um ato em frente ao campus. De acordo com Yago, as pichações começaram em setembro deste ano, coincidindo com o surgimento da Frente pela Liberdade, ligada ao coletivo União da Juventude Liberal (UJL). “Começaram a ser desenhadas suásticas nos banheiros masculinos da Unicentro”. Essa, no entanto, foi apenas uma das várias provocações que ocorrem na Instituição, conforme Yago. O Portal RSN tentou, sem êxito, identificar lideranças desse movimento.

Imagem: Divulgação

Mas agora, segundo o acadêmico em questão, a situação ficou mais grave. “No dia 6 de dezembro, recebi a notícia que entre as inúmeras suásticas presentes nos banheiros, especialmente no banheiro masculino ao lado da Coordenadoria de Apoio ao Estudante (Coorae) havia sido escrita uma ameaça de morte”. Ao lado de uma suástica nazista estava a frase: “Yago Crema vai morrer”.

Imagem: Divulgação

De acordo com a assistente social do Coorae, Etiene Corso, na quarta (6), o aluno se dirigiu à coordenadoria quando recebeu a orientação de ir até a delegacia de polícia. Era preciso registrar um boletim de ocorrência. “Também o orientamos a ir até a Ouvidoria da Universidade. Ele estava muito fragilizado”. Etiene disse também que já na segunda, a Reitoria determinou a composição de uma comissão de sindicância para averiguar as denúncias.

“Somos contra quaisquer atitudes criminosas. A Unicentro é aberta a todas as manifestações de respeito ao outro, às diferenças”. Conforme a assistente social, Yago vem sendo atendido pela Coordenadoria há cerca de seis meses, inclusive com encaminhamento à ajuda profissional em saúde mental. Em conversa com membros de outros coletivos, o ativismo de Yago fica evidente.

Sou uma pessoa parda, transgênero não binária. A primeira pessoa do Paraná a ter a certidão de gênero retificada com minha identidade de gênero no local do sexo.

Para ele, estar ocupando os espaços que ocupa resultaram nessa discriminação. “Eu não vou me retirar, pois desde então, tenho contado com o apoio da juventude que sou organizador, o Levante Popular da Juventude. Também de mandatos parlamentares e companheiros/as/es de militância política, pois como visto no ato político na noite de segunda, aparentemente o movimento estudantil da Unicentro não está incomodado com a ideia de assassinato de um colega por um neonazista”.

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Cristina Esteche

Jornalista

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