22/08/2023
Cotidiano

População de Prudentópolis realiza manifestação contra construção de usina

A implantação de uma nova usina no Rio dos Patos, em Prudentópolis, está causando preocupação na população. O empreendimento denominado Dois Saltos, considerado uma pequena central hidrelétrica (PCH) – pois irá gerar apenas 25 MW (MegaWatts) de potência, fará captação de água no reservatório já existente da PCH Rio dos Patos, implantada próxima ao Salto Manduri, levando-a, por um túnel subterrâneo, aproveitando a queda natural do terreno, até a casa de força localizada a 1,5 km depois da PCH Salto Rio Branco.

No trecho do rio onde será implantada a usina, já existe em operação as pequenas centrais hidrelétricas de Rio dos Patos, de propriedade da Copel, e a de Salto Rio Branco, da Santa Clara Indústria de Pasta de Papel Ltda. Para possibilitar sua implantação, foi criada a Dois Saltos Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica Ltda, associando os interesses da Copel e da Santa Clara para exploração do recurso hídrico naquele local.
A sociedade alega que os estudos apresentados até o momento foram realizados a pedido das empresas interessadas na construção e que muita coisa ainda está oculta. Mas, mesmo nos estudos destas empresas, vários problemas já foram apresentados.

De acordo com os manifestantes, são muitas as interferências que estas obras poderão causar, tanto para os proprietários das terras que serão cortadas pelos dutos quanto daqueles que terão as águas desviadas de suas terras. Além disso, são muitos os possíveis danos causados ao meio ambiente, como a diminuição de água nas quedas do Salto Mandurí e do Salto Barão do Rio Branco.

Carlos Alexandre Castanha, um dos manifestantes que é contrário à construção do empreendimento, destaca que além de causar problemas sobre suas cachoeiras, a construção do duto, a diminuição da vazão do rio, os canteiros de obras e o trânsito intenso irão afetar drasticamente o bioma, alterando e causando danos à fauna e à flora. “Estamos nos encaminhando para a destruição da diversidade ambiental dessa região. Nossos representantes políticos estufam o peito para falar da Terra das Cachoeiras Gigantes e do forte desejo de ver a região se tornar um polo turístico, mas neste momento em que tudo isso pode ser comprometido, eles silenciam. Essa é a hora deles provarem que são representantes do povo e aderirem à causa em prol da nossa Região”, avaliou.

“Em épocas de Rio+20, onde a preservação do meio ambiente é o foco principal da grande maioria das nações, algumas pessoas estão olhando apenas para o próprio bolso, para o lado financeiro da questão. E é isso que nossa sociedade e, mais ainda, nossos representantes políticos não podem aceitar”, arrematou Leandro Coelho Lemos, outro manifestante, convidando, em seguida, a sociedade para participar da primeira mobilização contra a construção da usina, amanhã (09). “Nos reuniremos na Avenida São João, em frente a Rodoviária as 14 horas, e sairemos pelas ruas para que as pessoas saibam o que estão querendo fazer com nossos pontos turísticos. E o próximo passo, no dia seguinte, será a manifestação junto ao Salto Barão do Rio Branco as 15 horas. Seguindo a agenda programada, aproveitaremos a presença de autoridades estaduais no município, e na segunda-feira, dia 11 de junho, levaremos até eles nossa insatisfação com o empreendimento”, concluiu.

Alguns impactos negativos
ƒ{ A operação da usina irá alterar a quantidade de água que passa sobre os Saltos Manduri e Barão do Rio Branco. Em determinados períodos esta alteração provocará uma mudança no cenário paisagístico destes locais.
ƒ{ Transporte de sedimentos pelo rio será afetado.
ƒ{ Intensificação na erosão das margens no trecho de vazão reduzida, devido à alteração do regime fluviométrico.
ƒ{ Desestabilização das bordas da garganta ou canyon do Rio dos Patos.
ƒ{ Supressão da vegetação.
ƒ{ Interferências no uso do solo agrícola.
ƒ{ Alteração no uso do solo e na renda de proprietários rurais.
ƒ{ Alteração de elementos da composição paisagística.

Cristina Esteche

Jornalista

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