22/08/2023
Cotidiano Guarapuava Região Saúde

Prestes a ficar sem médicos, Instituto Virmond não se manifesta sobre atrasos de pagamentos

Com atrasos em folha desde novembro de 2017, médicos do hospital prometem se desligar da instituição caso vencimentos não sejam regularizados

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Faltando pouco mais de uma semana para o fim do prazo que os médicos do Instituto Virmond deram para a regularização de pagamentos atrasados do corpo clínico da instituição, a administração do hospital continua fechada em copas sobre como pretende solucionar o caso. Em 21 de março deste ano, um documento assinado por 42 médicos do hospital informa que, caso os vencimentos não sejam regularizados até o dia 30 de abril, toda a equipe irá se desligar da instituição. Segundo este mesmo documento, os médicos estão com atrasos em folha desde novembro de 2017.

Leia também: Instituto Virmond será convidado para prestar contas na Câmara, em Guarapuava

Desde que o caso veio à tona, o Portal RSN tentou contato, inúmeras vezes, com a administração do hospital, porém, sem êxito em todas as tentativas. Nesta segunda feira (23), a reportagem tentou, mais uma vez, contato com o diretor-clínico e com o diretor-administrativo da instituição, mas sem resposta até o fechamento desta matéria (10h23).

O documento assinado pelos médicos foi protocolado, ainda em março, junto ao hospital, à 5ª Regional de Saúde, à Secretaria de Saúde do município, ao Conselho Regional de Medicina do Paraná e à Câmara de Vereadores. De todas as instituições que receberam o documento, apenas a câmara se manifestou publicamente sobre o caso, na plenária do dia 9 de abril, através de integrantes da Comissão de Saúde da casa de leis.

PRAZOS

No documento, o corpo clínico do Instituto deu o prazo de 15 dias, a partir de 21 de março, para o pagamento do restante dos valores relativos aos serviços prestados em novembro de 2017, sob pena da suspensão de atividades eletivas e ambulatoriais, limitando o atendimento de urgências e emergências após triagem. Este prazo, que se encerrou no dia 5 de abril, fui cumprido pelo hospital.

O segundo e último prazo que o documento determina diz respeito ao desligamento dos médicos caso o pagamento de todos os débitos não seja realizado até 30 de abril. A equipe informa, ainda, que as escalas de plantões presenciais e de sobreavisos referentes a maio só serão compostas e informadas após a quitação de todos os débitos vencidos.

“O atraso de repasses tem gerado inúmeros transtornos nas fianças dos médicos, alguns deles com dedicação exclusiva ao Instituto Virmond e vários outros que dedicam a maior parte de sua carga horária de trabalho a essa instituição, o que os obrigou a recorrer a serviços de empréstimos bancários com cobrança de juros para honrar seus compromissos e garantir que suas necessidades básicas e de suas famílias sejam atendidas”, diz um trecho do documento.

ARGUMENTAÇÃO

No documento, os médicos argumentam que o Instituto Virmond responsabiliza o não pagamento à falta de repasse pontual dos valores do Programa de Apoio aos Hospitais Públicos e Filantrópicos do Paraná (HOSPSUS). O valor do repasse pelo Governo do Estado do Paraná neste programa é de cerca de R$ 250 mil.

Porém, os médicos argumentam, ainda, que mesmo que o repasse seja regularizado, o que se efetivou em março deste ano, o hospital alega que ainda não terá recursos suficientes para o custeio dos serviços médicos da instituição.

Na nota, os médicos lamentam os atrasos, reforçando que vivem para cuidar do próximo e que precisam “ter a garantia de condições de trabalho e adequada e pontual remuneração que garantam a serenidade e dignidade” para exercer a vocação.

IMPACTO

Diariamente, a equipe do Instituto Virmond realiza, em Guarapuava, o atendimento de moradores de pelo menos 20 municípios cobertos pela 5ª Regional de Saúde, sem contar atendimentos realizados a regionais vizinhas. Só em 2017, de acordo com informações do corpo clínico do hospital, mais de 7200 pessoas foram internadas para tratamentos na instituição.

Além disso, o Instituto Virmond é, atualmente, o maior captador de órgãos e tecidos de toda a região. É, também, o único hospital do entorno de Guarapuava com leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica.

A relevância do hospital e do corpo clínico também tem impacto importante na maternidade, com uma média de 150 partos mensais, dos quais pelo menos 50 são de alto risco.

Cristina Esteche

Jornalista

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