Segurar o diploma em mãos tem um significado diferente para Iumar Martins Rodrigues. Ele é um dos 22 estudantes das etnias kaingang, guarani, guarani mbya e xetá que colaram grau na primeira formatura do curso de Pedagogia Indígena da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
Para que ele se formasse, Iumar que mora em Guaíra, precisou fazer alguns ‘bate-volta’ até Nova Laranjeiras para assistir às aulas.
Eu sou um dos primeiros indígenas da minha Região com esse diploma. É uma vitória para todos da minha comunidade. Os professores foram a família que eu construí na universidade, que me acolheram nos momentos difíceis e me fizeram ficar até o fim.
Desse modo, esta é uma conquista que deve entrar para a história dos povos indígenas do Paraná. A diplomação também foi a primeira de um curso de graduação desenvolvido em uma terra demarcada no Estado. A cerimônia ocorreu est asemana na comunidade de Rio das Cobras, no interior de Nova Laranjeiras.
CURSO
Em 2022, após quatro anos de análises, o curso de Pedagogia Indígena passou pelo processo de reconhecimento do Governo do Paraná. Conforme a Agência Estadual de Notícias (AEN), ele recebeu nota 4,7, sendo a máxima 5. A avaliação levou em conta os seguintes critérios: metodologia pedagógica, corpo docente e estrutura.
Além disso, também houve a recomendação para que a universidade trabalhe para que o curso, criado para atender um ciclo, se torne permanente. Há cinco anos, os integrantes da comunidade demonstraram o desejo de se capacitar ao cacique Ângelo Kavigtanh Rufin, principal liderança do local.
Ângelo e uma comissão composta por moradores da terra indígena e por representantes do Departamento de Pedagogia da Unicentro entraram em contato com a reitoria, na época comandada por Aldo Nelson Bona. Atualmente ele é superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná.
Acompanhar a formatura, após esses anos, ajuda a mostrar como foi um ato grandioso aquele primeiro incentivo. É a primeira vez que uma universidade pública do Estado promove uma solenidade de formatura na terra indígena, de um curso que aconteceu em uma terra indígena. Sem dúvida, é um marco para a história do Paraná.
MUDANÇA DE REALIDADE
De acordo com o reitor da Unicentro, Fábio Hernandes, atender a reivindicação feita pelos indígenas era uma obrigação da universidade pela função social. Isso porque o propósito da instituição é transformar a realidade a partir das demanda da população. “Trouxemos o curso para dentro do local porque a graduação vai além de passar pela formação técnica, ela precisa ser moldada para manter a cultura e preservar os costumes destes povos”.
Por fim, Adir Carlos Velozo, morador do local, representou a Fundação Nacional do Índio (Funai) na cerimônia. “A educação sempre foi a principal bandeira da comunidade. Agora nós vamos lutar por mestrado e doutorado”.
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