O Paraná ganha força na produção de erva-mate a partir da criação do Conselho Gestor da Erva-Mate (Cogemate) e da instauração de uma frente parlamentar de atenção qualificada a esse produto. A afirmação foi feita pelo secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, nesta terça (25), em Curitiba.
“A erva-mate tem força no Paraná, emprega muita gente, permite renda para muitas famílias rurais. Além disso, vem ganhando novos usos e espaço na indústria do alimento, dos remédios, da beleza e do material de limpeza”.
O Conselho reúne produtores do Vale do Iguaçu, sob a presidência do empresário Naldo Vaz, envolvendo nove municípios da Região da Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar).
Segundo Naldo em entrevista ao Portal RSN, a Região é também a maior produtora de erva-mate sombreada do Paraná com 10 mil propriedades, mais de 30 mil famílias, que juntas produzem anualmente 291.750 toneladas, sendo que 50% desta produção é exportada em folhas ou cancheada e 50% é industrializada nas mais de 50 ervateiras existentes na Região.
Presente no lançamento oficial do Conselho, o governador Carlos Massa Ratinho Junior disse que o Estado vai incentivar o desenvolvimento do cultivo da erva-mate e que o produto pode ser o propulsor de diversas iniciativas da gestão, como incentivo ao turismo, geração de emprego e industrialização da cadeia de alimentos.
Ratinho Junior ressaltou que a planta, símbolo de ciclos econômicos fundamentais nos últimos séculos e presente no brasão estadual, é um diamante bruto que precisa voltar a ser lapidado. Segundo ele, o Vale do Iguaçu, tem o produto como vocação e capacidade para se organizar em mais cooperativas para que o incremento da produção seja acompanhado de desenvolvimento tecnológico, atração de novas empresas e aumento do consumo.
A vocação do Paraná é produzir alimentos para o planeta, temos que bater nessa tecla. Nossa matriz econômica é essa. E essa organização é fundamental para que o poder público possa colaborar
A erva-mate pode ser utilizada em energéticos, indústria farmacêutica e na composição de alimentos industrializados, além da versão mais conhecida para chimarrão, suco, chá ou tererê.
Líder do Governo na Assembleia Legislativa e um dos idealizadores do Cogemate, o deputado Hussein Bakri destacou que os municípios e produtores da Região perseguem há muito tempo uma retomada de incentivos estaduais na produção da erva-mate. “Há uma perspectiva de crescimento do setor que vai ao encontro ao movimento do Paraná. Precisamos gerar emprego e renda e a erva-mate será um canal muito forte dessa orientação”, pontuou.
Bakri ainda disse que os incentivos nessa cadeia representam o caminho mais curto para recuperar áreas do Vale do Iguaçu que ficaram estagnadas nos últimos anos em função do fim do ciclo de ouro do produto.
PARCERIAS
O presidente da Cogemate, Naldo Vaz, destacou que a produção de erva-mate é ambientalmente sustentável e que apenas 21% das lavouras da Região são fixas – as demais ocorrem em conjunto com matas nativas. Cerca de 37 mil famílias vivem no Paraná em função da planta, o que justifica a necessidade de apoio da administração estadual.
“O setor está indo bem, mas precisávamos montar um conselho para questões de políticas públicas, inovação, pesquisa e tecnologia. Temos amparo de câmaras técnicas, universidades, entidades florestais, Sebrae, Sistema S, mas nada funciona sem o setor público”, afirmou Vaz.
Ortigara completou que a Emater e as equipes técnicas da Secretaria de Agricultura vão se dedicar a ajudar a melhorar a cadeia. Ele também destacou que o Paraná já tem uma lei específica sobre a cadeia para ampliar a sua dimensão. “Vamos trabalhar para avançar em ações objetivas, incentivo de pesquisa nas universidades públicas, ampliação do braço técnico para manejo adequado ou estimular processo de valorização e identidade, além de atração de investimentos”.
No encontro foram debatidos a criação do Arranjo Produtivo Local (APL), de uma zona franca, leis estaduais de manejo sustentável, parceria com a Copel para o plantio embaixo das redes de energia, desenvolvimento de pesquisas acadêmicas, marketing institucional em cima do produto e fomento ao turismo. Outra parceria pode ser voltada ao incremento de chá ou suco de erva-mate nas merendas escolares para estimular o consumo e a cultura desse símbolo estadual.
HISTÓRIA
Da metade do século XVI até 1632, a erva-mate era a atividade econômica mais importante dos territórios que hoje compõem o Paraná. Nos anos 1800, chegou a representar 85% do PIB do Estado, muito em função da estrutura ferroviária e dos engenhos litorâneos. A Universidade Federal do Paraná (UFPR), primeira do país, foi uma conquista desse período de pujança econômica, no século XX.
PRESENÇAS
Estiveram presentes os deputados estaduais Alexandre Curi, Emerson Bacil e Marcel Micheletto; os prefeitos Claudinei de Paula Castilho (Bituruna), Santin Roveda (União da Vitória) e Euclides Pasa (Cruz Machado); a presidente do Sindimate, Márcia Ranssolin; e o chefe regional do Instituto Ambiental do Paraná em União da Vitória, José Ewerling.